A emergência da abstração em crianças autistas através do treino do comportamento de ouvinte

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O processo de refinamento das relações de controle entre estímulos envolvendo uma propriedade ou uma combinação de propriedades, denominado abstração, tem gerado crescente interesse em diferentes paradigmas da Análise do Comportamento. No entanto, parece haver uma falta de integração do conhecimento produzido por eles, o que dificulta uma descrição mais compreensível do responder abstrato. Essa questão, além de ser de interesse teórico, pode contribuir para o desenvolvimento de procedimentos sistemáticos que busquem explicitar os passos necessários para o ensino do responder abstrato em crianças com ou sem atraso de linguagem em ambientes aplicados. Os dois estudos aqui descritos investigaram se o ensino de relações de ouvinte conduziria à emergência de respostas de tato e do responder abstrato em estudantes universitários e em crianças com autismo e deficiência intelectual. Foram utilizados estímulos compostos por propriedades como forma e cor e forma e padrão para os quais os participantes não exibissem respostas de tato e de ouvinte. A estratégia geral consistiu no ensino de relações de ouvinte, caracterizadas pela seleção de figuras a partir da palavra ditada correspondente, para três combinações entre propriedades, as quais compuseram a diagonal de uma matriz, através do procedimento de escolha de acordo com o modelo. Em seguida, testou-se a emergência das respostas de tato na presença das figuras correspondentes as três combinações. No Estudo 1, garantiu-se o estabelecimento das relações bidirecionais (ouvinte e tato) antes da introdução de testes para verificar a emergência de relações de ouvinte e de respostas de tato para as seis combinações entre as propriedades não ensinadas diretamente. No Estudo 2, independentemente da emergência das respostas de tato para as três combinações, testou-se a emergência de relações de ouvinte e de respostas de tato para as seis xiv combinações não ensinadas assim como para as propriedades isoladas, além da emergência de respostas de mando impuro para todas as nove combinações entre as propriedades. Os resultados do Estudo 1 mostraram que o estabelecimento das relações bidirecionais (ouvinte e tato) para três combinações entre propriedades de figuras produziu a emergência de novas relações de ouvinte e de respostas de tato para as propriedades apresentadas em combinações não ensinadas diretamente. Os resultados do Estudo 2 replicam os do Estudo 1 uma vez que os participantes que mostraram o estabelecimento de relações bidirecionais para as três combinações entre propriedades de figuras também mostraram a emergência de relações de ouvinte e de tato para as propriedades apresentadas em novas combinações e isoladamente. Eles também mostraram a emergência de respostas de mando impuro. Por outro lado, o participante que não tateou as três combinações respondeu ao acaso durante os testes das relações de ouvinte para as novas combinações e mostrou responder sob controle de apenas uma propriedade dos estímulos. São discutidas (1) a emergência das respostas de tato após a aquisição das relações de ouvinte, (2) a emergência de relações de ouvinte e de respostas de tato para novas combinações entre as propriedades e para as propriedades isoladas e (3) a emergência das respostas de mando impuro.

ASSUNTO(S)

discriminação condicional abstração comportamento verbal educacao especial autismo

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