A cultura domÃstico-clientelista na escola pÃblica: a "alegria" de ser sensual, autoritÃrio e hierarquizado

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

A literatura sociolÃgica sobre cultura polÃtica (coronelismo, paternalismo, clientelismo), no Brasil, oferece mais destaque Ãs manifestaÃÃes visÃveis do fazer polÃtico e menos Ãs implicaÃÃes sÃmbÃlicas, ritualÃsticas e imaginÃrias. Esta tendÃncia a limitar a compreensÃo aos aspectos funcionais da cultura tambÃm se repete nos escritos sobre cultura de poder na escola. Ao se mergulhar no imaginÃrio da escola, parece importante considerar que, para alÃm da dimensÃo funcional, os componentes centrais do imaginÃrio da cultura domÃstico-clientelista - o lÃdico, o erÃtico e o afetivo â servem para transformar a violÃncia simbÃlica e fÃsica em brincadeira. Os assuntos sÃrios e as crÃticas seriam amenizados num riso ou numa brincadeira qualquer. O imaginÃrio religioso do paraÃso, do Ãden, se assentaria nas camadas magmÃticas, possibilitando o modus de ser desse imaginÃrio: anti-conflito, anti-outro. Acredita-se que por um processo longo e complexo que remonta ao perÃodo colonial instituÃram-se formas de relacionamento anacrÃnicos que justificam e dÃo sentido a esta forma de organizaÃÃo do poder. Com a presente tese objetivouse analisar o imaginÃrio da cultura domÃstico-clientelista na gestÃo e no cotidiano escolar do ensino pÃblico, enfatizando suas implicaÃÃes polÃticas. Estudou-se de modo etnogrÃfico, por 12 meses, o cotidiano de duas escola pÃblicas, sendo uma que vivencia eleiÃÃo direta para diretor, e a outra nÃo. A primeira apresentou certas rupturas em relaÃÃo Ãs significaÃÃes imaginÃria reinantes da cultura domÃstico-clientelista. AlÃm disso, estudou-se numa abordagem macrossocial as significaÃÃes imaginÃrias da instituiÃÃo educacional em Recife. Constata-se existir um trabalho importante de aprofundamento da discussÃo sobre brasilidade a partir da escola. Se os elementos da alegria, sensualidade, religiosidade e afetividade sÃo, de uma parte, importantes para inspirar esta identidade, de outro, eles reforÃam o que a escola pÃblica tem de mais tradicional: uma cultura autoritÃria, hierarquizada e personalista, predominando sobre as tendÃncias publicizantes e democratizantes. Esta hierarquia e personalismo se estabelecem por relaÃÃes de trocas simbÃlicas (dÃdivas), materializadas na falta de assiduidade do professor, na falta ao trabalho decorrente do dia de aniversÃrios, no recurso à seduÃÃo por alunas frente ao professor com vistas a garantir a paz, a harmonia escolar satisfazendo interesses privados. O mundo da escola à o mundo da transformaÃÃo do impessoal em pessoal, das regras pÃblicas em regras implÃcitas do e para o interesse privado

ASSUNTO(S)

sociologia autoritarismo cultura domÃstico-clientelista - escola pÃblica hierarquia sensualidade

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