A cooperação na ação e uma especificação de requisitos para agentes e sistemas multiagente fundamentadas na epistemologia genética

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Este trabalho apresenta uma interpretação sobre a cooperação humana, particularmente sobre a cooperação na ação, no contexto da Epistemologia Genética e a emprega enquanto fundamento teórico para definir um conjunto de requisitos para agentes computacionais e sistemas multiagente. A cooperação na ação é a realização conjunta de operações concretas que se coordenam entre si. Uma operação concreta é aquela que se apóia na realidade, que é efetuada sobre objetos que podem ser manipulados, e sua origem é motora, perceptiva ou intuitiva. Para isso, este trabalho foi elaborado em três frentes distintas: os estudos, análises e discussões teóricas; o desenvolvimento de softwares; e a realização de experimentos práticos. Os estudos teóricos que fundamentaram a interpretação da cooperação centraram-se no terceiro período do desenvolvimento cognitivo. É nesta fase que ocorrem importantes construções cognitivas, com significativo progresso individual e social, em o comparando com os períodos anteriores. Nele, o indivíduo se torna capaz de realizar operações, tanto quando atua sozinho (operações sujeito/objeto), quanto com outros indivíduos (operações sujeito/sujeito), e a capacidade de operar é pré-requisito para a cooperação. Além disso, é a partir deste período que ele passa a construir sua escala de valores, paulatinamente e de maneira cada vez mais autônoma, através da qual faz avaliações e determina interesses.A interpretação da cooperação também se baseou em experimentos práticos realizados com pré-adolescentes. Para isso, se definiram, projetaram e implementaram diversos softwares, e, dentre eles o Jogo Cooperativo das Figuras Geométricas. Este jogo possibilita que dois ou três indivíduos joguem contra um agente computacional, utilizando cartas de um baralho constituído por um conjunto limitado de figuras geométricas, de cores e tamanhos variados, e que permite, em cada partida, que os indivíduos realizem operações conjuntas para vencer o agente computacional. Isto viabilizou o acompanhamento da prática da cooperação na ação entre 100 pré-adolescentes. Em especial se pôde acompanhar a realização de operações lógico-matemáticas e de valores por parte desses indivíduos. A partir desses estudos, experimentos e análises, foi possível redefinir, projetar e implementar cinco versões diferentes do Jogo Cooperativo das Figuras Geométricas para ser jogado por agentes computacionais, exclusivamente. Agentes computacionais são entidades virtuais ativas, inseridas em um ambiente, capazes de nele atuar considerando informações dele percebidas e/ou de outros agentes, e, a exemplo dos seres humanos, podem cooperar entre si. É neste contexto que as noções advindas da Epistemologia Genética contribuem na condução de estudos e pesquisas sobre agentes computacionais. Os 510 testes realizados permitiram analisar, em especial, a cooperação na ação entre esses agentes, aspectos relativos a seus valores, e elementos que influenciam em sua tomada de decisão. Esses mesmos testes contribuíram para validar o conjunto de Requisitos Piagetianos para uma Arquitetura para Agentes e Sistemas Multiagente proposto. Este trabalho também faz uma contribuição do ponto de vista da articulação entre a informática e a educação. Ele propõe princípios de um processo de modelagem de trabalhos em equipe, que incluem desde a proposição até o acompanhamento desses trabalhos. Trata-se de uma proposta que visa apoiar proponentes e executores de atividades realizadas por equipes. Esta proposição parte da área de sistemas multiagente tendo em vista o trabalho pedagógico desenvolvido por seres humanos. Estes princípios abrem possibilidades imediatas de pesquisa teórico-conceituais, computacionais e experimentais.

ASSUNTO(S)

cooperação repiarq epistemologia genética cooperation in action informática na educação piagetian agents requirements for computational agents aprendizagem colaborativa piagetian values piagetian groupments

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