Resposta imune à vacinação contra tétano aos 15 meses de idade em crianças nascidas antes de 37 semanas de idade gestacional e peso ao nascer inferior a 1500 gramas. / Immune response to vaccination against tetanus at 15 months of age in infants born before 37 weeks of gestational age and birth weight less than 1500 grams.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

31/08/2011

RESUMO

Objetivos: Comparar a resposta imune humoral e celular à vacinação contra tétano aos 15 meses em lactentes prematuros e de muito baixo peso com lactentes nascidos a termo. Especificamente, os objetivos foram: comparar as concentrações de anticorpos contra tétano e a porcentagem de células TCD4+ e TCD8+ específicas para toxoide tetânico e produtoras de interferon-gama (IFN-γ) antes e após a vacinação de reforço aos 15 meses de idade em lactentes nascidos prematuros com lactentes nascidos a termo, além de identificar os fatores que influenciaram na resposta humoral e celular antes e após vacinação contra tétano. Métodos: Estudo prospectivo realizado de set/2007 a jan/ 2010, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo, sendo solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais ou responsáveis. Foram incluídas crianças de 15 meses de idade, vacinadas segundo o esquema preconizado pelo Ministério da Saúde, sendo um grupo de crianças nascidas com idade gestacional <37 semanas e peso <1500g e outro grupo nascidas a termo. Foram excluídas crianças que apresentaram qualquer uma das seguintes condições: malformação congênita, exposição ao HIV ou suspeita de imunodeficiência primária, transfusões de plasma ou uso de imunoglobulinas cinco meses antes ou três semanas após a vacinação e crianças que haviam recebido a vacinação de reforço contra tétano antes de serem convidados para o estudo. Aos 15 meses, antes da aplicação da vacina de reforço contra tétano e, aos 18 meses (pós-vacinação), realizou-se a dosagem de anticorpos anti toxoide tetânico por ensaio imunoenzimático (ELISA) e medida por citometria de fluxo da porcentagem TCD4+ e TCD8+ produtoras de IFN-γ após estimulação in vitro com toxoide tetânico. As variáveis categóricas foram comparadas pelo 2 ou teste exato de Fisher e as numéricas pelo teste t ou Mann-Whitney. Foram realizadas análises de regressão logística para avaliar os fatores associados à imunidade incompleta contra tétano (títulos de anticorpos de 0,01 a <0,1 UI/mL) aos 15 meses de idade e regressão linear para fatores associados a menor nível de anticorpos e menor porcentagem de TCD4+ e TCD8+. Todas as análises de regressão foram controladas para: uso de corticosteroidess antenatal, número de doses de corticosteroidess antenatal, idade gestacional <32 semanas, recém-nascido pequeno para a idade gestacional, escore de gravidade clínica, ventilação mecânica >7 dias, transfusões de hemocomponentes, uso de corticoide no primeiro ano de vida, índice de massa corpórea e aleitamento materno >6 meses de idade. Considerou-se significante p<0,05. Resultados: Foram estudados 64 lactentes nascidos prematuros (PN: 1185216g; IG: 29,92,2sem) e 54 crianças nascidas a termo (PN: 3231269g; IG: 39,01,0sem). A proporção de crianças imunes contra tétano (≥ 0,1 UI/mL) aos 15 e 18 meses foi semelhante nos dois grupos. Aos 15 meses de idade, a média geométrica dos níveis de anticorpos foi menor nos prematuros, comparado aos nascidos a termo (0,1470,193 vs. 0,2050,305UI/mL, p=0,025). Aos 18 meses, o nível de anticorpos foi semelhante nos dois grupos (1,9972,212 vs. 1,8672,526UI/mL, p=0,852). A porcentagem de TCD4+ e TCD8+ produtoras de IFN-γ após estimulação in vitro com toxoide tetânico foi semelhantes nos dois grupos aos 15 e 18 meses. Na regressão logística, o uso de leite materno >6 meses aumentou em 3,528 (IC 95%: 1,189 a 10,473; p=0,023) vezes a chance de apresentar imunidade completa aos 15 meses de idade, comparado aos que receberam leite materno por menos tempo. Cada dose a mais de corticosteroides antenatal aumentou em 2,900 (IC 95%: 1,053 a 7,986; p=0,039) vezes a chance de ter imunidade incompleta contra tétano aos 15 meses. Na regressão linear, ter idade gestacional <32 semanas diminuiu o nível de anticorpos antitetânicos aos 15 meses em -0,146 UI/mL (IC 95%: -0,281 a -0,010; p=0,035) e a oferta de leite materno >6 meses aumentou o nível de anticorpos aos 18 meses em 0,956 UI/mL (IC 95%: 0,080 a 1,832; p=0,033). Em relação à imunidade celular, aos 15 meses de idade, uso de corticosteroidess antenatal e maiores valores de índice de massa corpórea se associaram positivamente com maior porcentagem de TCD4+ e TCD8+ produtoras de IFN-γ específicas para toxoide tetânico. A idade gestacional <32 semanas e maior dose de corticosteroidess inibiram a resposta imune celular aos 15 meses. As transfusões aumentaram a porcentagem de TCD8+ produtoras de IFN-γ específicas para toxoide tetânico. Já aos 18 meses de idade, houve uma inversão do efeito da idade gestacional e uso de corticosteróides antenatal sobre a imunidade celular em resposta à vacinação. Lactentes nascidos prematuros apresentaram menores níveis de anticorpos antitetânicos aos 15 meses de idade, comparados aos nascidos a termo. O aleitamento materno por mais de seis meses aumentou os níveis de anticorpos após a vacinação de reforço contra tétano. Houve associação entre menor resposta imune celular à vacinação contra tétano e idade gestacional inferior a 32 semanas e maior número de doses de corticoide antenatal.

ASSUNTO(S)

prematuro immunity, cellular. imunização toxóide tetânico imunidade humoral imunidade celular pediatria infant, premature immunization tetanus toxoid immunity, humoral

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