Perfil cognitivo aos sete anos de idade de crianças nascidas prematuras e com peso inferior a 1.500 gramas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Objetivo: Conhecer o desempenho cognitivo, aos sete anos de idade, de crianças nascidas prematuras no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG), com idade gestacional até 34 semanas e peso ao nascimento inferior a 1500 gramas, adequado à idade gestacional. Essas crianças tiveram seguimento longitudinal interdisciplinar no Ambulatório da Criança de Risco (ACRIAR), e apresentavam inteligência e exame neurológico normais aos sete anos. Métodos: Participaram do estudo 44 crianças com sete anos de idade, das quais 22 nascidas prematuras no HC/UFMG e acompanhadas no ACRIAR. As outras crianças que constituíram o grupo controle foram selecionadas para o pareamento porque apresentam nível socioeconômico semelhante às do ACRIAR, nasceram a termo, com peso adequado à idade gestacional, sem intercorrências neonatais e tinham desenvolvimento típico de acordo com os pais e professores. As crianças do grupo controle foram recrutadas numa escola pública e pareadas por idade, sexo e escolaridade com as do ACRIAR. O desempenho cognitivo das crianças dos dois grupos foi analisado por testes neuropsicológicos que avaliaram a inteligência (Escala Wechsler de Inteligência para Crianças); a memória episódica (Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey e Teste da Figura Complexa de Rey); e as funções executivas (Testes de Fluência Verbal, Teste da Torre de Londres e Teste Wisconsin de Classificação de Cartas). Dentre as crianças nascidas prematuras, 20 foram avaliadas pelo Exame Neurológico Evolutivo Lèfevre. O teste não-paramétrico Mann-Whitney U foi utilizado para comparação dos resultados dos testes neuropsicológicos entre os grupos. Para examinar a associação entre a avaliação neuropsicológica e as provas do Exame Neurológico Evolutivo foi empregado o coeficiente de correlação de Sperman. Resultados: As crianças nascidas prematuras tiveram quociente de inteligência dentro da média para a idade, porém inferior ao das crianças nascidas a termo. Apresentaram desempenho inferior, com significância estatística, nas medidas de inteligência (QI Total, QI Verbal, QI Execução, Compreensão Verbal e Velocidade de Processamento) e de planejamento, esta última relativa às funções executivas. As dificuldades foram mais acentuadas nos aspectos verbais e na velocidade de processamento. Não foram detectadas diferenças significativas na memória episódica e nem nos testes que avaliam os demais componentes das funções executivas. Apesar do exame neurológico tradicional normal, apenas 20% das crianças nascidas prematuras realizaram todas as provas do Exame Neurológico Evolutivo. Conclusão: Os dados dessa pesquisa apontam para o valor de avaliações cognitivas específicas em crianças nascidas prematuras, ainda que aparentemente normais nos primeiros anos de vida. Essa população necessita ser acompanhada, pelo menos até a idade escolar, em programas de seguimento longitudinal multidisciplinar. Isso ajudaria na identificação precoce de desvios de desenvolvimento e na instituição de intervenções terapêuticas precoces. O perfil neurológico de desenvolvimento, obtido pelo Exame Neurológico Evolutivo pode auxiliar na detecção de crianças com dificuldades que devem ser mais bem investigadas por testes neuropsicológicos. Espera-se que os dados deste estudo sirvam para alertar os profissionais de saúde e educação quanto às repercussões tardias que as crianças prematuras e com baixo peso podem apresentar.

ASSUNTO(S)

recém-nascido decs peso ao nascer decs testes neuropsicológicos decs psicologia da criança decs prematuro decs criança decs dissertação da faculdade de medicina da ufmg. dissertações acadêmicas decs recém-nascido de baixo peso decs

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