Representações sociais sobre a prática do cuidado para enfermeiros da saúde indígena: um estudo transcultural

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/05/2011

RESUMO

A realização deste estudo surgiu a partir da experiência como enfermeira na saúde indígena, ao observar que muitos profissionais oriundos das mais diversas regiões do Brasil optavam por esta área de atuação. Era notória a dificuldade que o enfermeiro tinha em fixar-se por muito tempo em um único local de serviço. Provavelmente porque o cuidado de saúde na área indígena acontece a partir de um confronto de culturas diversas, pois traz o profissional, de um lado, com todo o seu conhecimento acadêmico e cultura própria e, do outro lado, o índio com seus ritos, usos e costumes peculiares. Neste contexto, o enfermeiro deve definir e negociar a realidade através de representações simbólicas da vida, para, em seguida, questionar a nova realidade. Assim, este estudo busca apreender as representações sociais sobre o cuidado transcultural na saúde indígena para os profissionais enfermeiros. Conhecimento, este, importante para evitar possíveis conflitos, choques, dificuldades e incongruência do cuidado nesse contexto. A coleta de dados foi realizada através de entrevista não-estruturada guiada por um roteiro contendo quatro questões norteadoras e elaboração de um desenho que fosse relacionado ao cuidado do enfermeiro na saúde indígena. A pesquisa contou com a participação voluntária de 17 enfermeiros do Distrito Sanitário Indígena de Manaus, no Estado do Amazonas. Para o tratamento dos dados foi utilizada a Técnica de Análise do Discurso do Sujeito Coletivo, sendo os resultados apresentados em três momentos, a saber: caracterização dos participantes do estudo, discussão das categorias predominantes nos discursos e representação social do cuidado de enfermagem através de infográficos. A análise revelou que o cuidado na saúde indígena é desafiador porque o indígena e seu mundo são percebidos e processados de acordo com a lente cultural dos enfermeiros, levando ao surgimento de alguns estranhamentos e dificuldades de adaptação, principalmente nos primeiros contatos. A RS da prática de enfermagem na saúde indígena, em muitos casos, é projetada e idealizada com base nas crenças disseminadas e nas percepções originadas do senso comum. Percebe-se, pois, que o trabalho de representar é essencial em atenuar as estranhezas iniciais e ajudar o enfermeiro a situar-se melhor no novo universo. A prática de enfermagem na saúde indígena deve ser a fusão das culturas do indígena e do enfermeiro. A partir da Representação Social reconhece-se que a assimilação, a compreensão do sistema de saúde indígena e o uso dos conhecimentos dessas práticas são elementos essenciais para o desenvolvimento de estratégias que podem melhorar o acesso e a qualidade do cuidado aos povos indígenas. Após a análise dos discursos e desenhos realizados pelos enfermeiros, pode-se representar a prática de enfermagem na saúde indígena através do antropofagismo, no qual o enfermeiro deve literalmente devorar a cultura dos seus pacientes, digeri-la e apoderar-se dela para prestar um cuidado culturalmente congruente. No entanto, ressalta-se a necessidade urgente do preparo e treinamento desses profissionais para uma atuação mais eficaz com os povos indígenas

ASSUNTO(S)

enfermagem enfermagem saúde indígena cuidado transcultural representação social nursing indigenous health transcultural care social representations

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