Women in review: a sociology of knowledge of the feminine in the Presbyterian Brazil (1994-2002) / Mulheres em revista: uma sociologia da compreensão do feminino no Brasil presbiteriano (1994-2002)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Mulheres em revista: uma sociologia da compreensão do feminino no Brasil presbiteriano (1994-2002) é uma tese com triplo interesse sociológico: compreensão, dominação e religião. Com o foco direcionado para a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), busca compreender por que as mulheres são excluídas das posições legalmente estatuídas de poder e dominação: o oficialato ordenado. Ainda no calor da hora, seu recorte histórico é a passagem do século XX para o século XXI, na qual houve tentativas oficiais e pelo alto de alteração do status quo denominacional. Foram propostas e debatidas nos concílios competentes duas iniciativas de reforma constitucional em menos de oito anos, que incluíam na discussão a alteração do estatuto da mulher na IPB, para que seu espaço oficial de atuação fosse ampliado e sua condição de membro, igualada à do homem com plenos direitos. O mesmo período histórico assistiu a um movimento em que ética puritana e teologia fundamentalista foram utilizadas pelo grupo reacionário dos que detêm o poder na IPB para reafirmar a tradição e impedir a abertura de um novo tempo, mais feminino, dialógico e inclusivo. Herança das missões protestantes estadunidenses do século XIX para as igrejas brasileiras, a ética puritana propõe como caminho de salvação uma espécie de ascese ativa, que nega o mundo ao mesmo tempo em que luta pela sua transformação; o fundamentalismo é o modelo literalista de interpretação da Bíblia, que funciona pelo aprisionamento da verdade a excluir grupos e pessoas divergentes. O literalismo hermenêutico proíbe que textos bíblicos possam ser usados em favor da ordenação feminina; a ética puritana sugere ou impõe à mulher um espaço próprio e subordinado ao homem, na casa e na igreja. Os projetos de mudança pretendidos por parte da cúpula da IPB, Rev. Guilhermino Cunha à frente, foram abortados também pelo alto, em dinâmica própria ao funcionamento do campo religioso. Em pleno século XXI, as mulheres não podem ser pastoras, presbíteras ou diaconisas na IPB: condição em flagrante contradição com o autodenominado sistema democrático-representativo de governo. A leitura dos discursos oficiais da denominação, por meio de seu jornal, o Brasil Presbiteriano, e da revista da Sociedade Auxiliadora Feminina, a SAF em Revista, permite a afirmação de que as lideranças presbiterianas do Brasil, masculina e feminina, às portas do século XXI optaram pela permanência no século XX ou, antes disso, no século XIX. Abrir o século XXI, ou abrir-se para ele, é o desafio para IPB contemporânea, especialmente, para suas mulheres, a fim de que a instituição religiosa promova e amplie o diálogo interno, inter-religioso e com a sociedade, os primeiros passos para o exercício legítimo da democracia, inclusão, luta contra preconceito e discriminação, e para o estabelecimento de um projeto de ética para todos

ASSUNTO(S)

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