Wayoro êmêto: fonologia segmental e morfossintaxe verbal / Wayoro êmêto: segmental phonology and verbal morpho-syntax

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/08/2011

RESUMO

Investigamos, nesta dissertação, a fonologia segmental e a morfossintaxe verbal Wayoro, especialmente, a estrutura argumental e a valência verbal. Nosso objetivo é oferecer um estudo destas áreas da gramática da língua, com base em dados originais e em modelos teóricos úteis para a explicação dos mesmos. No âmbito da fonologia, os pares contrastivos identificados evidenciam o seguinte inventário consonantal: oclusivas /p t tS k g kw gw/, nasais /m n N Nw/, fricativa /B/ e tepe /|/. As consoantes nasais realizam-se como nasais pósoralizadas, quando seguidas por vogal oral. Os fonemas vocálicos /i È o E a/ contrastam quanto à nasalidade e ao prolongamento. Descrevemos os processos fonológicos e morfofonológicos presentes nos dados, a saber, lenição e sonorização, neutralização e assimilação de nasalidade. Quanto à morfossintaxe verbal, inicialmente, apresentamos os morfemas característicos ou exclusivos da categoria verbal. A distribuição dos morfemas pessoais, em Wayoro, está relacionada à valência verbal: prefixos pessoais absolutivos funcionam como objeto e como sujeito do verbo intransitivo, ao passo que morfemas pessoais livres (ergativos) têm função de sujeito do verbo transitivo. O radical verbal é formado por uma raiz à qual se une o verbalizador e a vogal temática . Após a vogal temática, podem ser afixadas marcas de tempo. Examinamos a morfologia interna e a valência de cerca de 100 verbos Wayoro. Os verbalizadores ocorrem com verbos transitivos e intransitivos e, portanto, não estão associados a uma estrutura argumental única. Os verbos podem ser pluralizados através de substituição do verbalizador pelo sufixo , de duplicação da raiz verbal ou de supleção operações que pluralizam o evento (e não necessariamente os argumentos). Os morfemas de mudança de valência são prefixais e selecionam estrutura argumental específica. O prefixo {mõ-~õ-} causativo/transitivizador é usado apenas com verbos intransitivos, tornando-os transitivos. Dentro da proposta de Hale e Keyser (2002), verbos intransitivos que permitem transitivização automática são núcleos verbais que projetam complemento e especificador e podem ser tomados como complemento de um núcleo verbal superior (V1), de modo que o especificador funciona como sujeito da sentença intransitiva e como objeto da versão transitiva. Os testes realizados com o prefixo causativo/transitivizador mostram que {mõ-~õ-} pode ser interpretado como o núcleo superior, V1. O segundo prefixo de mudança de valência investigado é o intransitivizador . Tal morfema foi identificado com verbos que têm uma contraparte transitiva sem o morfema , com valor anticausativo e reflexivo, e verbos que não contam com correspondente transitivo (prefixo inerente), com propriedades de voz média. Por fim, analisamos construções em que o auxiliar {-mãNã} mandar, pedir, fazer toma como complemento um radical verbal transitivo ou intransitivo, inserindo um agente ou causa à sentença. De uma perspectiva tipológica, as sentenças com o auxiliar podem ser analisadas como causativas analíticas e as sentenças com o morfema causativo/transitivizador como causativas sintéticas.

ASSUNTO(S)

fonologia segmental língua wayoro morfossintaxe verbal segmental phonology verbal morpho-syntax wayoro language

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