Violência no trabalho em pronto socorro : implicações para a saúde mental dos trabalhadores / Violence at emergency hospital work: implications for the workers´mental health / Violencia en el trabajo en un hospital de emergencia: implicaciones en la salud mental de los trabajadores

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar a violência sofrida por trabalhadores de saúde de um hospital público de pronto socorro e as suas implicações na saúde mental desses profissionais. Desenvolveu-se um estudo transversal, de abordagem quantiqualitativa. Na primeira etapa da investigação foram mensuradas as características demográficas e laborais dos trabalhadores, a ocorrência da violência nos últimos 12 meses, bem como os Transtornos Psíquicos Menores pela aplicação do Self-Report Questionnaire e a Síndrome de Burnout com uso do Maslach Inventory Burnout. A seleção dos trabalhadores (n=269) foi realizada por sorteio aleatório proporcional ao estrato das categorias profissionais. Na segunda etapa do estudo foram entrevistados 20 sujeitos vítimas da violência, selecionados intencionalmente e definidos por saturação dos dados. Utilizou-se a estatística descritiva e analítica para os dados quantitativos, considerando estatisticamente significativo p¿0,05. Os dados qualitativos foram submetidos à análise temática, confrontados aos dados quantitativos e analisados a luz da psicodinâmica do trabalho. Obteve-se aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS (nº 001.014667.11.8). Na amostra prevaleceram mulheres (58,4%), com idade média de 49 anos (+7,4) e experiência de 24,8 anos (+7,8) no setor de saúde. Auxiliares/técnicos de enfermagem representaram 45,4% da amostra, 33,5% eram médicos, 10% enfermeiros e 11,1% outros profissionais da equipe. A violência no trabalho foi referida por 63,2% dos participantes e prevaleceu no sexo feminino (p=0,001), entre auxiliares/técnicos de enfermagem (p=0,014), com médias inferiores de idade (p=0,044) e de anos de escolaridade (p=0,036), e maior carga horária semanal (p=0,012). Também se associaram à violência os acidentes de trabalho (p=0,009), os dias ausentes (p=0,018), a preocupação com a violência (p<0,001) e a insatisfação no trabalho (p=0,026). A agressão verbal foi o tipo de violência que fez mais vítimas (48,7%), seguida da intimidação/assédio moral (24,9%), da violência física (15,2%), da discriminação racial (8,7%) e do assédio sexual (2,5%). Os pacientes foram os principais perpetradores da violência no trabalho (35,4%), o que foi destinado aos efeitos de drogas, à situação clínica, à condição de ¿bandido¿ ou decorrente do atendimento precário. A violência nas interações socioprofissionais expressou o abandono dos trabalhadores diante da precariedade do trabalho. Regras de ofício se mostraram fontes de fragilização das relações por resultarem de acordos que negam e racionalizam os constrangimentos do trabalho. Os Transtornos Psíquicos Menores atingiram 17,1% da amostra e associaram-se à violência (p<0,05). O aumento da exposição a cada tipo de violência acresceu em 60% as chances desses transtornos (IC95%:1,2-2,1). As dimensões do Burnout tiveram associação com a violência no trabalho (p<0,05). O reconhecimento no trabalho se mostrou menos frequente dentre as vítimas da violência (p=0,001) e se associou inversamente à prevalência dos agravos (p<0,05). Medidas de segurança e espaços coletivos de negociação foram identificados como dispositivos para a promoção da saúde e a proteção à violência no trabalho. Diante dos resultados, consideram-se urgentes os investimentos com vistas a reconhecer as necessidades dos trabalhadores no que se refere à violência e seus danos à saúde do trabalhador.

ASSUNTO(S)

violence cuidados de enfermagem saúde mental occupational health mental health saúde do trabalhador violência health manpower psychodynamics of work nursing violencia salud laboral salud mental recursos humanos en salud psicodinámica del trabajo enfermería

Documentos Relacionados