Velocidade de fluxo sanguineo cerebral, por ultra-sonografia Doppler no primeiro dia de vida de recem-nascidos policitemicos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Resumo: A poli citem ia e hiperviscosidade são morbidades de grande relevância no período neonatal, determinando manifestações clínicas e comprometimento neurológico em grande número de recém-nascidos. Os fatores envolvidos no desencadeamento das alterações neurológicas ainda não foram suficientemente esclarecidos, propiciando controvérsias sobre a oportunidade e eficácia do seu tratamento, principalmente em crianças assintomáticas. Recentemente tem sido investigada a influência do fluxo sangüíneo cerebral na sua fisiopatogenia, embora não existam resultados conclusivos, visto que a quantificação do fluxo cerebral em recém-nascidos é bastante complexa, por incorporar múltiplos elementos decorrentes da adaptação fisiológica propiciado pelo nascimento. Utilizando a ultra-sonografia Doppler, o objetivo do presente estudo foi avaliar a velocidade de fluxo sangüíneo cerebral em recém-nascidos policitêmicos assintomáticos e normocitêmicos e analisar a influência de algumas variáveis perinatais na hemodinâmica cerebral. Estudaram-se prospectivamente 42 recém-nascidos a termo atendidos no Serviço de Neonatologia do CAISM-UNICAMP, sendo 25 normocitêmicos e 17 policitêmicos. Com 1, 2, 12 e 24 horas de vida, foram realizadas mensurações da velocidade de fluxo cerebral através de ultra-sonografia Doppler em artéria cerebral anterior e calculados a resistência vascular periférica, a "hindrance" vascular e o transporte de células vermelhas. No mesmo período foram medidos hematócrito, viscosidade e pC02 venosos. Através de monitorização não invasiva também foram determinadas a pressão arterial e freqüência cardíaca. Os resultados demonstraram que as medidas ae velocidade de fluxo cerebral foram significativamente mais baixas nos recém-nascidos policitêmicos, exceto o índice de resistência de Pourcelot, que não mostrou diferenciação entre os grupos. A resistência vascular cerebral foi aumentada nos policitêmicos, sem modificação relativa da geometria vascular, porém o transporte de células vermelhas não apresentou diferença significativa entre os grupos. Os valores de velocimetria Doppler aumentaram significativamente entre a 23 e 243 horas de vida, acompanhados por diminuição paralela da resistência periférica. Estas variações coincidiram com as modificações do hematócrito e da viscosidade sangüínea, que apresentaram diminuição significativa no mesmo período. A análise de regressão simples mostrou que os valores de viscosidade sangüínea foram inversamente relacionados ao fluxo em todos os tempos analisados. Os resultados da análise múltipla demonstraram resultados diferentes para cada tempo de vida, embora a relação adequação peso/idade e a presença/ausência de policitemia tenham permanecido como as variáveis mais constantes como preditoras da velocidade de fluxo no período estudado, com os valores de viscosidade sendo incorporados ao modelo de predição somente a partir da 128 hora de vida. Concluiu-se que no primeiro dia de vida houve uma variação significativa da velocidade de fluxo e da resistência vascular cerebral, tendo as medidas ultra-sonográficas de velocidade, exceto o I.R., apresentada diferenciação significativa entre recém-nascidos policitêmicos e normocitêmicos, embora o transporte de células vermelhas não tenha sido diferente entre eles. A predição de velocidade de fluxo cerebral seguiu um modelo complexo, sendo influenciado de maneira importante pela adequação peso/idade, pela presença/ausência de policitemia neonatal e tendo a variação da viscosidade sangüínea apresentado expressão apenas a partir da 128 horas de vida

ASSUNTO(S)

doppler ultra-sonografia recem-nascidos policitemia

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