Variabilidade genética de NEF em amostras de HIV-1 circulantes

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Em 2005, cerca de 40 milhões de pessoas viviam com HIV/AIDS no mundo. Desse total, aproximadamente 600 mil residiam no Brasil. Em vista do elevado percentual de infecções pelo HIV-1, o desenvolvimento de vacinas contra esse vírus é uma das prioridades no que se refere à saúde pública mundial. Entretanto, apesar dos estudos sobre esse vírus, pouco se conhece sobre a importância da sua diversidade genética para a eficácia de potenciais vacinas. Assim, conhecer a variabilidade do HIV-1 em diferentes partes do mundo, bem como o seu perfil antigênico, pode ser de fundamental importância para a aplicação dessas. Uma das proteínas mais imunogênicas do HIV-1 é Nef, que desempenha diversas funções importantes durante a infecção viral in vivo, como, por exemplo, aumentar a infectividade e a replicação viral e modular negativamente proteínas presentes na superfície celular. Por essas características, Nef pode ter papel importante na imunização contra o vírus. O presente trabalho teve como objetivo principal analisar amostras de uma série histórica de isolados do HIV-1 circulantes no Distrito Federal e no estado de Rondônia e, desse modo, contribuir para a caracterização desses vírus, pela descrição da variabilidade do gene nef. Além disso, foram avaliados motivos e resíduos importantes para as atividades biológicas de Nef. Para isso, 33 amostras, 17 do Distrito Federal e 16 de Rondônia, foram amplificadas por nested-PCR para o gene nef e seqüenciadas. Todas foram caracterizadas como pertencentes ao subtipo B. Pela dedução da seqüência de aminoácido foi possível observar que duas amostras apresentaram códons de parada prematuros, devido a mutações que levaram a mundança na fase de leitura do gene. Os motivos e resíduos associados às atividades biológicas de Nef também foram analisados. Os sítios de miristoilação, fosforilação por PKA e reconhecimento de Nef pela protease viral encontraram-se conservados em 100%, 66,6% e 69,7% das amostras, respectivamente. Em relação à modulação de CD4 por Nef, 36,4% das amostras apresentaram todos os motivos e resíduos conservados. Os motivos e resíduos associados à modulação negativa de MHC de classe I estiveram conservados em 57,6% das amostras analisadas, enquanto 54,5% dos isolados apresentaram os motivos envolvidos na modulação de MHC de classe II. Quanto à modulação de CD1d, 45,4% das amostras apresentaram a totalidade de motivos e resíduos associados a essa atividade conservados, enquanto aqueles associados à modulação de CD28 estiveram conservados em 81,8%. Enquanto 93,9% das amostras apresentaram o motivo e o resíduo associados à sinalização para apoptose celular conservados. Em relação às alterações em vias de sinalização celular, 63,6% das amostras apresentaram os motivos e resíduos responsáveis pela interação de Nef com domínios SH3 conservados, enquanto 84,8% mostraram-se conservadas para aqueles necessários para a interação de Nef com proteínas Pak. Quanto aos epitopos de Nef reconhecidos por linfócitos T CD4, 18 dos 29 já descritos na literatura foram observados, sendo que o mais freqüente foi encontrado em 75,8% das amostras. Em relação aos epitopos de Nef reconhecidos por linfócitos T citotóxicos considerados ótimos, o mais freqüente foi observado em 84,8% das amostras. Pelo fato de Nef ser uma das regiões imunodominantes do HIV-1, bem como ser uma proteína da fase precoce da infecção, vacinas que utilizem suas porções antigênicas encontram-se em desenvolvimento. Dessa forma, a caracterização da variabilidade do gene nef pode ser de grande importância para o desenvolvimento de estratégias de utilização de potenciais vacinas anti-HIV-1 futuramente no Distrito Federal e em Rondônia

ASSUNTO(S)

nef hiv-1 brasil variabilidade genética biologia molecular

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