Caracterização da variabilidade antigênica do gene do envelope (env) em amostras de HIV-1 circulantes no Distrito Federal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O HIV-1 é caracterizado por uma ampla diversidade genética, que possui implicações na epidemiologia da AIDS em uma dada região geográfica. O objetivo deste estudo foi descrever a variabilidade intersubtipo e intra-subtipo dos isolados do HIV-1 circulantes no Distrito Federal, região Central do Brasil. Cinqüenta e três amostras de RNA do ano de 2002, cedidas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal, foram transcritas reversamente. Os cDNAs foram amplificados por nested PCR para a obtenção de um fragmento de 564 pb, equivalente a região C2/C3 de env. Os produtos de PCR foram submetidos ao seqüenciamento automático e as seqüências obtidas foram analisadas pelo programa REGA. Os subtipos identificados foram o B, presente em 51 (96,2%) das 53 amostras, um isolado F1 (1,9%) e um isolado B/F (1,9%). As análises filogenéticas realizadas pelo método de máxima verossimilhança foram 100% concordantes com os resultados obtidos pelo programa REGA. A caracterização das formas genéticas do HIV-1 foi também realizada a partir das regiões genômicas: RT, PR, nef e gag, para melhor avaliar a diversidade genética dos isolados do HIV-1. Foi observada a ocorrência de oito (15%) amostras discordantes, todas recombinantes B/F. As seqüências de aminoácidos preditas de 41 isolados foram analisadas para a caracterização da variabilidade genética e antigênica intra-subtipo. Dentre os isolados do subtipo B, foi encontrada uma alta heterogeneidade do tetrapeptídeo localizado no topo do loop V3. O mais prevalente foi o motivo GPGR (50%) típico dos isolados norte-americanos/europeus, seguido pelo variante brasileiro B GWGR (10%), pelos motivos GFGR (7,5%) e GPGK (7,5%) e GLGR (5%). Outros 8 polimorfismos foram descritos: GPGN, GPGA, GPGY, GQGR, GPGS, ALGR, APGG, GPGH. Os motivos GPGY e ALGR não estão relatados na literatura. Aminoácidos de carga positiva nas posições 11 e/ou 25, do loop V3, também foram avaliados. Resíduos positivos nessas posições foram observados em 22% dos isolados, sugerindo o fenótipo X4 e indutor de sincícios. O loop V3 de env possui importância na indução de anticorpos neutralizantes e no reconhecimento do co-receptor e a presença de variabilidade neste domínio pode ter implicações no desenvolvimento de vacinas e na resposta imune do HIV-1. Este estudo pretendeu contribuir para a compreensão dos polimorfismos genéticos do HIV-1 no Brasil, e pode ser útil para o planejamento do uso de vacinas anti-HIV-1 no Distrito Federal.

ASSUNTO(S)

brasil central hiv-1 c2/c3 biologia molecular epidemiologia molecular subtipos

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