Valor prognostico da detecção da proteina p53 no cancer diferenciado da tireoide

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

O câncer diferenciado de tireóide (carcinoma folicular e papilífero) geralmente possue bom prognóstico. O Sistema utilizado para estadiamento destes tumores é o Sistema TNM, proposto pela UICC (União Internacional Contra o Câncer). Este Sistema baseia-se na extensão anatõmica da doença, dividindo-a em estádios. O prognóstico dos tumores está diretamente relacionado ao estádio: quanto mais avançado, pior o prognóstico. Esta correspondência clínica é observada em todos o tumores da região da cabeça e pescoço onde este Sistema é utilizado. Entretanto, para os tumores diferenciados da tireóide, este sistema é inadequado, pois observa-se que pacientes e tumores em condições similares, com estádios similares e tratamento similares, tem evoluções diferentes. A detecção da proteína p53 em células tumorais tem sido associada a mau prognóstico em alguns tipos de tumores. Em células que apresentam o DNA danificado o gene p53 medeia a interrupção do G 1 e retarda a entrada na fase S, facilitando o reparo do DNA, e, ao mesmo tempo induz a apoptose, prevenindo desta forma, a propagação de células que apresentem alterações genõmicas estáveis. O gene p53 está perdido ou mutado em vários tipos de tumores. A mutação do gene p53 leva à estabilização e ao aumento da meia-vida da proteína p53 e está associada com o acúmulo desta proteína no núcleo das células tumorais. A marcação imunológica da proteína p53 é desta forma, um meio indireto de detectar o gene p53 mutado. O presente estudo avaliou o valor do p53 no prognóstico dos tumores diferenciados da tireóide, correlacionando-o com o estadiamento pelo Sistema TNM, estudando os seguintes parâmetros: a) número de procedimentos cirúrgicos necessários para o controle da doença; b) necessidade de associação do esvaziamento cervical à tireoidectomia; c) necessidade de associar a ressecção de estruturas cervicais; d) sobrevida. Após revisão de lâminas, 43 casos foram levados à imunocoloração com o anticorpo antip53 (Novacastra, U.K), utilizando-se o método de imunoperoxidase indireta (método AvidinaBiotina). Foram positivos para imunocoloração do p53 25 casos e negativos 18. A distribuição entre os dois grupos quando analisado sexo, idade, tempo de seguimento, tipo histológico e estadiamento pelo Sistema TNM , foi semelhante. O número de procedimentos cirúrgicos realizados no grupo de pacientes p53( +) foi de 44/25(média 1,76 por paciente), enquanto que no grupo p53(-) foi de 22/18 (média 1,22 por paciente). No grupo de pacientes p53( +) foi necessário realizar o esvaziamento cervical em alguma fase do tratamento em 13/25 pacientes (52%), enquanto que no grupo p53( - ) foi de 4/18 (22%). Estruturas cervicais foram ressecadas em 7/25 (28%) pacientes p53(+), enquanto que no grupo p53( -) foi necessário em 3/18 (17%). Dentre os 43 casos estudados, 2 morreram por outras causas. Nos pacientes p53(+) 8/24 (33%) morreram em conseqüência ao câncer de tireóide, enquanto que no grupo p53(-) 2/17 (12%). No presente estudo, a imunocoloração para a proteína p53 foi o fator preditivo mais fidedigno na avaliação do prognóstico do câncer de tireóide. Os pacientes p53( +) apresentaram doença mais agressiva e mortalidade mais alta do que os pacientes p53( -). A detecção por coloração imunohistoquímica da proteína p53 em pacientes portadores de câncer diferenciado de tireóide pode se tornar no método mais efetivo para antecipar o prognóstico desta doença, com maior acuracidade inclusive que o Sistema TNM

ASSUNTO(S)

tireoide prognostico

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