Utilização da microestrutura do estatólito como ferramenta na avaliação dos padrões populacionais do calamar-argentino illex argentinus (cephalopoda: ommastrephidae) relevantes a gestão da pesca de talude no sudeste e sul do Brasil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O calamar-argentino (Illex argentinus) é explorado comercialmente desde a década de 1980, onde ao sul de 40o S, sustenta uma das maiores pescarias de cefalópodes do mundo. Capturas comerciais no Brasil foram registradas a partir do ano 2000, com o início da pesca de arrasto profundo, quando os rendimentos totais da espécie chegaram a 1.300 toneladas anuais, os maiores rendimentos gerados por uma espécie de lula no país. Alguns trabalhos sobre a biologia reprodutiva e estrutura populacional vêm sendo desenvolvidos visando um maior entendimento da demografia da espécie, no entanto existe uma limitação do uso dos métodos convencionais de avaliação pesqueira por se tratar de um recurso com ciclo de vida curto e semelpáreo. O presente estudo analisou 689 estatólitos de I. argentinus (comprimento do manto de 35-376 mm) com o objetivo de avaliar a estrutura etária e padrões de crescimento da espécie capturada em águas de plataforma e talude no sudeste e sul do Brasil entre os anos de 2001 e 2008. Quatro modelos de crescimento (Potencial, Exponencial, Gompertz e Schnute) foram ajustados aos dados de comprimento-idade derivados da interpretação de marcas de crescimento na microestrutura do estatólito, visando identificar o modelo que melhor descreve o padrão de crescimento da espécie. Os modelos de Schnute e Gompertz exibiram o melhor ajuste a dispersão de dados para machos e fêmeas, respectivamente. A idade máxima atingida por um exemplar neste estudo foi de 320 dias, sendo este uma fêmea com o comprimento do manto de 315 mm. Este resultado é comparável com os registros para a espécie que indicam que o ciclo de vida de esteja entre 6 14 meses. O retro-cálculo das datas de nascimento indica que as épocas de eclosão das paralarvas para exemplares capturados nos meses de inverno dos anos de 2001 e 2002, período onde ocorreram as maiores capturas já registradas em águas nacionais, ocorre em meses de verão entre novembro e março. A eclosão de paralarvas em outras épocas do ano como em meses de inverno e primavera, indica a possibilidade da existência de outros grupos desovantes de I. argentinus habitando águas sudeste e sul brasileiras. As taxas de crescimento instantâneo relativo médio (G) calculadas para indivíduos com período de eclosão estimado em meses de verão de 2001 e 2002 foram de 0,0030 e 0,0028 dia-1 respectivamente para machos e de 0,0040 e 0,0036 dia-1 para fêmeas, enquanto que em meses de inverno de 2001 as mesmas estiveram entre 0,0019 dia-1 para machos e 0,0033 dia-1 para fêmeas. A reconstituição do ciclo de vida dos grupos desovantes analisados apresenta uma nova abordagem a respeito da estrutura populacional de I. argentinus capturado em águas do sudeste e sul do Brasil

ASSUNTO(S)

pesca de talude calamar-argentino oceanografia

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