Urbanismos barrocos e espaços comunicacionais: entre o formal e o informal em São Paulo e na América Latina

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Em São Paulo, as ocupações informais da cidade, tais como comércio ambulante, favelas e movimentos sociais pró-moradia, aparecem na grande mídia como entraves para o cumprimento de planos urbanísticos de recuperação de áreas degradadas da cidade. Porém a hipótese desta pesquisa seguiu na contramão desta idéia e investiu na possibilidade de que o urbanismo de São Paulo nutre-se justamente do diálogo semiótico entre o formal e o informal para configurar-se, sendo a informalidade um dos elementos catalisadores na assimilação e na interação entre textos aparentemente distantes que compõem o mosaico cultural da cidade. O presente estudo tem como objetivo verificar em que medida as relações dialógicas entre a formalidade e informalidade nos espaços urbanos produzem aumento no volume cultural, principalmente em metrópoles cujas séries culturais tendam a se dar nos espaços abertos, nas ruas e espaços públicos. O conceito inicial para a abordagem dos espaços analisados foi o de fronteira, de Iuri Lotman, autor fundamental nos estudos da semiótica da Cultura, por meio do qual foi possível entender a fronteira como campo de diálogo e tradução, e não como separação ou limite. Também foram aproveitados conceitos de autores que analisam relações não binárias da cidade, tais como Amálio Pinheiro, Boaventura Sousa Santos, François Laplantine, entre outros. A cidade de São Paulo apresentou-se como corpus principal de análise por sua representatividade no continente latino-americano, além da proximidade tanto afetiva como geográfica da pesquisadora, permitindo imersões constantes nos ambientes escolhidos para análise. Outra questão específica é a proposição de mescla analítica entre procedimentos do barroco literário latino-americano e as configurações urbanísticas de São Paulo. Autores como Severo Sarduy, Alejo Carpentier e José Lezama Lima esclarecem que o barroco latino-americano, mais que um procedimento estilístico, é considerado como modo não-binário de operar conexões e sintaxes no ambiente informacional difuso e descentralizado do nosso continente. Além do estudo de campo e registros fotográficos, a pesquisadora realizou pesquisas para um documentário de televisão sobre edifícios modernistas em metrópoles brasileiras, prática que revelou-se fundamental na aproximação entre teoria e objeto. Verificamos que a habilidade em transitar entre o formal e o informal estão definitivamente incorporadas como relações comunicacionais nos espaços urbanos de São Paulo, e que estes trânsitos se dão mais por aptidões culturais do que por razões socioeconômicas. Entendemos que estas conclusões possam ser verificadas, com variáveis desejáveis, em outras cidades da América Latina

ASSUNTO(S)

espaços comunicacionais semiosphere informal city urbanismo barroco cidade informal comunicacao baroque-urbanism

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