Um possível lugar da obra de arte: reflexões a partir de um exercício empírico

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/03/2012

RESUMO

Tendo em vista a definição de lugar da obra de arte determinada por uma configuração que envolve o espaço, o trabalho artístico e o homem, esta dissertação investiga as relações geradas em meio ao agrupamento desses componentes. Para objeto de estudo foram eleitas as práticas inerentes ao universo da arte que, de modo potente, investem em empreitadas críticas que operam de maneira a conformar e provocar conexões relacionais em variados níveis. Com a intenção de delinear um foco, a Galeria Boliche, projeto artístico do presente autor, foi tomada como o elemento fundamental da pesquisa, pois sua essência supera a noção de estudo de caso e se posiciona equiparadamente a uma energia geradora de exercícios reflexivos que se fundam a partir de uma prática. A Galeria Boliche, como lugar possível da obra de arte, apresenta em cada uma das etapas de seu desenvolvimento a emergência de problemáticas fomentadoras de discussões acerca do sujeito, do espaço e do trabalho artístico, debates que foram estruturados separadamente, mas que, a todo momento, tangenciam os demais. Ao discorrer sobre lugares, foram avaliadas tanto as táticas de humanização na cidade quanto as ações realizadas no interior físico e conceitual do espaço expositivo moderno. O conjunto apontou indícios da necessidade de torná-los humanamente mais acessíveis e também do desejo de transpor fronteiras limitadoras, sendo o último a abertura para enveredar pelos meandros que envolvem a produção dos lugares da obra de arte no passado, atualmente e em uma breve visão prospectiva. Ao caminhar pelo universo do sujeito, foram iluminadas questões próprias da antropologia, o que permitiu perceber a interdisciplinaridade de campos do conhecimento. Na busca por consolidar uma posição perante o outro, foi traçada uma sucessão de assuntos que se inicia no paradigma do artista como etnógrafo, passando pela pseudoetnografia, ambos lançados por Hal Foster, para arriscar ainda a chegada à pós-etnografia e ao que essa conquista provoca. Ao considerar a obra, foram sublinhados os modos de fazer que abarcam uma abordagem espacial crítica no tecido da cidade e (re)instauram valores singulares de determinados locais. Por atuar no estabelecimento de intensas interações, essas obras foram dispostas como elementos de interface na mediação entre o sujeito, o lugar e elas próprias, permitindo extrair relevantes significações para o discurso sobre o lugar da obra de arte. Toda envergadura deste trabalho argumentativo pode incidir sobre a convergência entre arte e arquitetura. Tratar de lugar, seja da obra de arte ou não, já sugere, a priori, uma aproximação aos assuntos espaciais próprios ou pertinentes ao discurso arquitetural. A arte permitiu abrir frestas para infiltrar em pensamentos sobre a arquitetura e seu valor consolidado ou seu devir congênito.

ASSUNTO(S)

arquitetura teses.

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