Um poder infernal: a poesia de Adelia Prado

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Esta dissertação procurou demonstrar que é possível encontrar na poesia de Adélia Prado elementos que configuram transgressão e resistência às concepções negativas praticadas pela Igreja Católica, em relação às mulheres. Um caminho escolhido foi levantar dois relatos bíblicos, o pecado original e a concepção virginal, para focalizar as figuras de Eva e Maria. Procuramos observar a maneira pela qual estas figuras foram transformadas em símbolos, e assimiladas como paradigmas nas relações de gênero no ocidente cristão. Os poemas foram selecionados na medida em que refletiam um diálogo com estes modelos de conduta feminina. O outro caminho foi a compilação de entrevistas da autora e análises diversas de sua obra, tendo em vista uma aproximação maior com sua persona pública. Assim procedendo pudemos colocar em confronto duas vias de expressão de sua religiosidade: uma na poesia e outra na vida pessoal. Estes dois caminhos permitiram contrapor na religiosidade da autora, o posicionamento claro e os sentimentos ambíguos, salientando um conflito subjacente. A pesquisa concluiu que Adélia Prado revela em sua poesia uma apropriação da religião que professa, recuperando as imagens de Eva e Maria, ao expor em seus versos uma sexualidade sem culpa e ao revelar no cotidiano doméstico, mulheres não definidas pela passividade, bem como um espaço privado não esvaziado de poder. A análise dos poemas salientou, em um eixo, imagens que expressassem o conflito religioso, sentimentos de culpa e de libertação erótica, a ligação entre erotismo e religião. O outro eixo pautou-se pela poesia do cotidiano, não apenas como rotina e detalhes, mas também como espaço de resistência e articulações. A mesma religião que oprime irá oferecer significados e símbolos que viabilizam uma poesia de afirmação pessoal e, através dela, a expressão da poeta no espaço público

ASSUNTO(S)

letras prado, adelia, 1935- - crítica e interpretação poesia brasileira igreja católica mulheres literatura religião feminismo erotismo

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