Um outro olhar para os erros de segmentação / Another look for the errors of segmentation

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Esta tese tem como objetivo comparar quais critérios lingüísticos são utilizados para colocação dos espaços em branco por crianças consideradas normais e por uma criança diagnosticada, de forma genérica, com "Distúrbio de leitura e escrita". O desenvolvimento deste trabalho fundamenta-se nas seguintes bases teóricas: (i) na neurolinguística de base discursiva (ND) desenvolvida no IEL, mais especificamente, no referencial teórico privilegiado pela ND referente aos estudos sobre a relação normal/patológico e a relação cérebro/linguagem; (ii) nos estudos que tratam do processo de aquisição da escrita a partir de relação sujeito/linguagem e da relação fala/oralidade/escrita/letramento. Partimos da hipótese de que, ainda que sejam encontradas diferenças nos critérios lingüísticos para a disposição dos espaços em branco utilizados pelas crianças, consideradas normais ou não, tais diferenças resultariam, provavelmente, de processos já previstos pela língua, enquanto condição de possibilidade da atividade discursiva. Para a realização deste estudo, foram selecionadas 15 crianças que freqüentavam o segundo ano do primeiro ciclo do ensino fundamental, na mesma sala de aula, em uma escola particular do município de Hortolândia (SP). Dentre essas crianças, apenas uma (RD) apresentava diagnóstico - médico e psicopedagógico - de "dificuldades de leitura e escrita". A coleta de dados foi realizada no período de junho a novembro de 2005. Foram propostas 10 atividades de escrita em diversos gêneros textuais. Privilegiamos para análise apenas a colocação dos espaços em branco (segmentação) considerada como não convencional. Após o levantamento dos episódios de segmentações não-convencionais nas 150 produções textuais, realizamos uma análise quantitativa e uma qualitativa dos dados. Tanto na análise quantitativa como na análise qualitativa, não foi possível observar diferenças significativas entre a criança com diagnóstico de dificuldades e as outras crianças consideradas normais. Na análise qualitativa, a diferença marcante encontrada entre a criança com diagnóstico de dificuldades e as crianças consideradas normais estava relacionada ao funcionamento que denominamos de "tentativas de escrita alfabética", caracterizado por agrupamentos de letras separados por espaços em branco aos quais não foi possível atribuir uma leitura. Esses agrupamentos de letras foram encontrados nas produções textuais de várias crianças, mas com muito mais freqüência nas produções textuais de RD. No que diz respeito à diferença encontrada, a nosso ver, não é possível atribuir a ela indício de problemas, distúrbios ou qualquer tipo de patologia da linguagem. Tal diferença, corroborando nossa hipótese, resultaria de processos previstos pela língua, enquanto condição de possibilidade da atividade discursiva da qual as crianças participam

ASSUNTO(S)

oralidade - escrita acquisition of writing aquisição da escrita neurolinguistics neurolinguistica orality

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