Um estudo da argumentação em cordéis midiatizados: da enunciação performática à construção discursiva da opinião

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A presente pesquisa busca analisar folhetos de cordel que se constituem na fronteira entre o domínio literário e o domínio midiático, os quais chamaremos de cordéis midiatizados, a partir das categorias retóricas que compreendem o ethos, o logos e o pathos. Para tanto, partiremos do princípio de que o poema de cordel, de um modo geral, possui uma trajetória enunciativa pautada no período de transição da oralidade para a escrita, o que nos leva a tentar ressignificar o campo epistemológico em que os estudos sobre a literatura de cordel estão inseridos, rediscutindo conceitos e apresentando um escopo de designações e reflexões arroladas por pesquisadores tradicionais, por novos pesquisadores bem como pelos próprios poetas. Estando em diálogo com as práticas linguageiras que constituem o domínio midiático, buscaremos também caracterizar esse domínio, a fim de mostrar pontos de convergência e pontos de divergência, de modo que possamos caracterizar a situação de comunicação em torno do cordel midiatizado sob o ponto de vista da Análise do Discurso, mais especificamente da Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau. O cordel midiatizado se constitui a partir de um acontecimento atual, advindo do espaço público, que o poeta ora testemunha, ora capta das mídias de informação, a exemplo dos jornais impressos, televisivos e digitais e das revistas. Nesses cordéis, o poeta parece também trazer a sua opinião, além de informar, a fim de persuadir o leitor-ouvinte ou reforçar determinados valores e crenças, no sentido de educar e moralizar. É justamente na construção da opinião do poeta que nasce o nosso interesse em pesquisar de que forma as estratégias argumentativas são utilizadas nesse tipo específico de cordel. Consoante a isso, no campo da argumentação, partiremos dos pressupostos desenvolvidos por Chaïm Perelman e Olbrechts-Tyteca (1958), os quais apresentam uma releitura crítica ampliada da retórica aristotélica, e chegaremos aos trabalhos desenvolvidos por Patrick Charaudeau (1992) e Ruth Amossy (2006), a fim de caracterizar a construção das referidas categorias retóricas no corpus selecionado. Após pesquisar em vários acervos, a exemplo da Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, e do Fonds Raimond Cantel, em Poitiers/França, chegamos a um corpus de apoio, composto por 60 folhetos, o qual será utilizado para ilustrar e corroborar algumas hipóteses levantadas por nós; e um corpus de base, composto por três folhetos, os quais integrarão uma análise mais verticalizada do ponto de vista discursivo-argumentativo.

ASSUNTO(S)

lingüística teses.

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