Transtornos psiquiátricos em pacientes com hepatite C crônica e a possível associação com o uso de interferon alfa

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/12/2010

RESUMO

Transtornos psiquiátricos são mais prevalentes em pacientes com hepatite C crônica quando comparados à população geral. Há descrição na literatura de associação entre o uso de interferon alfa e o surgimento ou agravamento de quadros depressivos. O objetivo deste trabalho foi estudar sintomas e transtornos psiquiátricos em pacientes com hepatite C crônica e a possível associação com o uso de interferon alfa, em um serviço público de referência em infectologia em Belo Horizonte. Para isso, foram avaliados 81 pacientes ambulatoriais atendidos no referido serviço, no período de maio de 2009 a outubro de 2010, utilizando-se entrevista psiquiátrica estruturada baseada no M.I.N.I.-PLUS e questionários e escalas de avaliação psicopatológica e de qualidade de vida. Dados sociodemográficos, epidemiológicos e clínicos também foram coletados a analisados. O Inventário Beck de Depressão (BDI), em sua versão completa e em sua versão para a Atenção Primária (BDI-PC), e a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, Sub-Escala de Depressão (HAD-D), foram investigados quanto às propriedades psicométricas e discriminativas relacionadas ao diagnóstico de depressão maior. A análise das variáveis foi realizada de acordo com três grupos de pacientes, quanto ao uso de interferon alfa: Virgem de Tratamento (ou Naive), Em Uso e Uso Prévio. Foi encontrada alta prevalência de transtornos psiquiátricos, acometendo 56,8% de todos os pacientes estudados, sendo o diagnóstico de depressão maior o mais comum, encontrado em 22 pacientes (27,2%). Houve associação entre o uso atual de interferon alfa e o diagnóstico de depressão maior (p=0,027). Entre dezessete pacientes que estavam em uso de interferon alfa, nove (53,9%) apresentavam depressão maior. Pacientes com depressão maior relataram piores níveis de qualidade de vida (p<0,001), de fadiga (p<0,001) e de funcionamento psicológico, social e ocupacional (p<0,001). Outros transtornos psiquiátricos que também estiveram associados a relatos de algum prejuízo da qualidade de vida e do funcionamento dos pacientes foram: transtorno distímico, transtorno de ansiedade generalizada, fobia específica, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de uso de substância relacionado ao álcool. O BDI, BDI-PC e HAD-D demonstraram boa propriedade psicométrica e discriminativa para o diagnóstico de depressão maior, com desempenho algo superior para o primeiro inventário, com corte ideal sugerido de 15/16 pontos. Conclui-se que transtornos psiquiátricos foram prevalentes na população estudada. Depressão maior foi o diagnóstico mais freqüente, esteve associado ao uso de interferon alfa, e foi implicado como contribuinte para piora na qualidade de vida dos pacientes. A avaliação rotineira de sintomas depressivos pelo médico assistente, incluindo questionários como o BDI, poderia ser de valia para a assistência à saúde dos pacientes com hepatite C crônica.

ASSUNTO(S)

doenças transmissíveis teses hepatite c crônica/complicações decs transtornos mentais/etiologia decs transtornos mentais/epidemiologia decs depressão/etiologia decs depressão/epidemiologia decs interferon alfa/efeitos adversos decs qualidade de vida decs escalas de graduação psiquiátrica decs questionários decs dissertações acadêmicas decs

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