Manifestações dermatológicas durante o tratamento da hepatite C crônica com interferon alfa peguilado e ribavirina

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A hepatite C é atualmente um dos principais problemas em saúde pública no mundo. Sua evolução é na maioria das vezes crônica, e suas principais complicações são a cirrose hepática e o carcinoma hepatocelular. Manifestações extra-hepáticas completam o quadro clínico da infecção. A base do seu tratamento está no uso do interferon alfa associado a ribavirina. Embora a introdução mais recente da forma peguilada do interferon alfa (Peg-IFN alfa) tenha melhorado a resposta terapêutica, a eficácia do tratamento permanece baixa. Soma-se a isso a alta incidência de complicações associadas ao uso dessas drogas, como febre, perda de peso, anemia, neutropenia e depressão. Alterações dermatológicas como alopecia, dermatite, prurido e reações nos locais das aplicações subcutâneas do interferon foram associadas ao tratamento da hepatite C em grandes ensaios clínicos randomizados. Outras alterações foram esporadicamente relatadas em estudos com pequeno número de pacientes. O objetivo do estudo foi descrever as principais manifestações dermatológicas observadas em 46 pacientes durante o tratamento da hepatite C com Peg-IFN alfa e ribavirina, procurando-se verificar a associação entre as alterações encontradas e o uso desse esquema terapêutico. Os pacientes foram submetidos a exame dermatológico antes de iniciar o tratamento para hepatite C, e reavaliados periodicamente durante 24 semanas a partir da sua introdução. As principais alterações observadas durante o tratamento foram xerose cutânea (95,7% dos casos), xerostomia avaliada subjetivamente (79,1%), queda acentuada dos cabelos (65,9%), ictiose (50%) e prurido (47,8%). A comparação com a avaliação pré-tratamento evidenciou aumento estatisticamente significativo na ocorrência dessas variáveis após a introdução do tratamento. Reações de fotossensibilidade (17,4%) e outras lesões cutâneas inflamatórias ocorreram em menor número de pacientes. Eritema e placas eritematosas nos locais das aplicações do Peg- IFN alfa foram comuns (76,1% dos casos). Avaliou-se a influência de outras variáveis no aparecimento das alterações dermatológicas, incluindo sexo, idade, atopia, genótipo viral, grau de fibrose hepática, exposição prévia ao tratamento e tipo de Peg-IFN alfa utilizado (2a ou 2b). Idade mais avançada correlacionou-se positivamente à ocorrência da xerostomia e da fotossensibilidade. Eritema e placas nos locais de aplicação do interferon foram mais relacionados ao tipo alfa 2b. Os resultados indicam uma associação entre o tratamento da hepatite C crônica e o aparecimento de alterações dermatológicas, especialmente xerostomia, prurido e queda acentuada dos cabelos. Xerose cutânea, ictiose e fotossensibilidade também podem estar relacionadas ao tratamento. Eritema e placas nos locais das aplicações do IFN são comuns e podem ser mais freqüentes com o tipo alfa 2b. Outras investigações são necessárias para confirmar esses achados.

ASSUNTO(S)

erupção por droga decs ribavirina/efeitos adversos decs hepatite c crônica/terapia decs dissertação da faculdade de medicina. ufmg dissertações acadêmicas decs retardadores de chama/efeitos adversos decs interferon alfa/efeitos adversos decs interferon teses. dermatologia teses. pele/efeito de drogas decs hepatite teses. sintomas decs

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