Transmissão enzoótica de Trypanosoma cruzi e T. rangeli no Distrito Federal, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/12/2004

RESUMO

O Distrito Federal (DF) do Brasil está localizado no bioma Cerrado, um complexo de fisionomias savânicas incluindo matas de galeria e campos úmidos permanentes (veredas). Triatomíneos silvestres infectados por Trypanosoma cruzi ocorrem na área, mas a transmissão enzoótica de tripanossomatídeos permanece insuficientemente caracterizada. Um estudo parasitológico envolvendo triatomíneos silvestres (166 Rhodnius neglectus coletados em palmeiras da espécie Mauritia flexuosa) e pequenos mamíferos (98 marsupiais e 70 roedores, totalizando 18 espécies) foi conduzido em 18 áreas, principalmente matas de galeria e veredas. Os parasitas foram isolados, identificados morfologicamente e caracterizados por PCR do DNA do cinetoplasto (kDNA) e núcleo (gene mini-exon). Seis R. neglectus, sete Didelphis albiventris e um Akodon cursor estavam infectados por tripanossomatídeos; a infecção em reservatórios silvestres é documentada pela primeira vez no DF. O PCR do kDNA detectou T. cruzi em cinco R. neglectus e o PCR do gene mini-exon revelou T. cruzi I nos isolados de D. albiventris. Um dos insetos mostrou estar infectado por T. rangeli KP1+. Apesar da ocorrência de D. albiventris (um importante reservatório silvestre e peridoméstico) e R. neglectus (um vetor secundário capaz de invadir domicílios) infectados por T. cruzi, um baixo risco de transmissão da doença de Chagas humana seria esperado no DF, considerando a baixa prevalência da infecção apresentada neste trabalho. A evidência molecular apresentada neste trabalho confirma a circulação de T. rangeli KP1+ com R. neglectus como vetor, amplia a distribuição geográfica deste parasita no Brasil e reforça a hipótese de adaptação de populações de T. rangeli (KP1+ e KP1-) a diferentes linhagens evolutivas de espécies de Rhodnius.

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