Trajetória de vida de ex-portadores de hanseníase com histórico asilar

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/10/2010

RESUMO

A hanseníase, apesar dos significativos avanços no que concerne a seu diagnóstico, ao controle e tratamento, ainda hoje apresenta uma carga incomensurável de estigma em consequência, principalmente, de sua construção sócio-histórica, marcada pelo preconceito e o isolamento dos doentes, traduzidos pelo sofrimento, abandono e pelos problemas psicossociais. Destarte, o estudo objetivou resgatar a trajetória de vida de ex-portadores de hanseníase com histórico asilar, recuperar as histórias da trajetória de vida desses ex-portadores e identificar os fatores comuns a essas histórias de vida. Estudo exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, utilizando-se como referencial metodológico a história oral de vida. A colônia do estudo foi formada por doze ex-portadores de hanseníase que foram asilados na Colônia São Francisco de Assis, locado no município de Natal, Rio Grande do Norte. A rede foi composta por colaboradores independentes do sexo e sem idade limite máximo, que viveram na Colônia por um período mínimo de seis meses e, que concordarem em participar livremente do estudo. Foram excluídos da rede colaboradores portadores de necessidades físicas (audição) ou mentais e, que não concordarem em participar do estudo. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada, gravada individualmente em contexto domiciliar dos colaboradores, residentes nos bairros Felipe Camarão, Km 6 e Jardim Américo, mais precisamente no Conjunto Nova Vida, todos situados no referido município. Os dados foram analisados segundo a técnica de análise de conteúdo temática. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob parecer de n 016/2010. Após sucessivas e cuidadosas leituras das histórias de vida foram identificados três eixos temáticos norteadores da análise dos dados: estágios comportamentais, exclusão social e, estigma e preconceito. Dessa forma, percebeu-se que a prática do confinamento compulsório dos enfermos em instituições asilares concomitante a imagem mítica do leproso como ser repulsivo e deformado, contribuiu para solidificação histórica do estigma em torno da doença e do doente, despertando na sociedade e na família atitudes e sentimentos de exclusão, preconceito e medo. Ademais, observou-se nas histórias de vidas dos colaboradores relatos marcantes de sofrimento, negação, rejeição, revolta que repercutem até os dias atuais, interferindo negativamente na reintegração social e familiar desses indivíduos. Com isso, aponta-se a necessidade de gestores e profissionais locais da saúde, sobretudo enfermeiros, de repensarem as estratégias vigentes de reabilitação social do doente e ex-doente de hanseníase, visando à supressão de uma estigmatização injusta e nociva enraizada na imagem e história de vida desses indivíduos

ASSUNTO(S)

enfermagem enfermagem hanseníase pobreza preconceito nursing poverty prejudice

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