Hanseníase, experiência de sofrimento e vida cotidiana num ex-leprosário

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

No Brasil, até 1969, o tratamento para a Hanseníase ou Lepra consistia no isolamento de doentes em colônias de leprosos. Em 1986, as colônias foram reestruturadas‟. Porém, após anos de confinamento, sem estrutura familiar, financeira ou orgânica, a maioria dos pacientes permaneceu nesses lugares. O Hospital de Dermatologia Sanitária de Goiânia é uma das 31 ex-colônias de leprosos existentes no país, e atende hoje a 91 pacientes internados e 350 ex-pacientes. O corpo dessas pessoas possui várias alterações estruturais: membros amputados, modificações na estrutura anatômica do nariz e das orelhas, dedos em forma de garra, enrijecimento das articulações que alteram profundamente a locomoção e os movimentos corporais mais corriqueiros. Essas modificações conferem ao corpo um estatuto de anormalidade, de doença, de não-vitalidade. Isso modifica a condição de ser no mundo‟ dessas pessoas; suas relações sociais. Porém, essa vivência não se esgota nas alterações corporais que modificam o cotidiano dessas pessoas, tampouco nas reflexões acerca das políticas de saúde que elas possibilitam. Neste trabalho, pretendo discorrer sobre a dimensão dessa experiência que transcende o sensorial; que é de cunho ontológico e se insere na categoria de sofrimento. Reflito ainda como essa experiência sedimenta a construção de um novo mundo social e como ela se comunica, assumindo formas expressivas como a fofoca e o riso. Discuto ainda os desdobramentos da nova mudança institucional iniciada no lugar em julho de 2008 afeta as relações nesse espaço. O fio que conduz essa discussão é apontado pelas próprias narrativas, fruto de uma etnografia conduzida entre fevereiro e outubro de 2008.

ASSUNTO(S)

sofrimento health anthropology antropologia política de saúde antropologia da saúde health policy suffering

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