The semantics of anaphoric relations between events / A semantica das relações anaforicas entre eventos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Nesta tese, avaliamos a afirmação de Davidson (1967) de que a anáfora de eventos e a anáfora de objetos ordinários lançam mão dos mesmos recursos linguísticos. Davidson usa a evidência da anáfora não apenas para postular eventos na ontologia, mas também como um argumento a favor de considerá-los como objetos ordinários (como particulares). No entanto, ao investigarmos os mecanismos linguísticos mobilizados na anáfora de eventos, encontramos grandes diferenças em comparação com o que encontramos na anáfora de objetos (em geral, linguisticamente veiculados através de nomes ou de descrições), levando-nos a colocar a afirmação de Davidson sob suspeita. Na primeira parte da tese, apresentamos e defendemos uma versão da teoria de eventos postulada por Davidson que os trata como objetos ordinários (particulares). Analisamos também as teorias que tomam eventos como propriedades de momentos de tempo e teorias que tomam eventos como entidades proposicionais. Cada uma dessas teorias tem seus méritos e problemas, mas o intuito é nos mantermos o mais próximo à formulação de Davidson para avaliarmos suas afirmações quanto à anáfora de eventos. Ainda na primeira parte, investigamos as relações entre dêixis e anáfora, um tema que envolve quaisquer discussões sobre termos usados anaforicamente. Na segunda parte da tese, nosso olhar volta-se para a anáfora de eventos cujos antecedentes são expressões sentenciais (i.e., que não são DPs). Diante de tais antecedentes, os termos anafóricos preferenciais são demonstrativos, e investigamos o pronome demonstrativo isso e descrições demonstrativas da forma esse/essa/aquele/aquela N . Apresentamos o estado-da-arte dos estudos sobre demonstrativos, salientando que eles podem ser tratados como termos referenciais ou como termos quantificacionais. Dado que o debate é bastante complexo e ainda incipiente, apresentamos duas análises de retomadas de eventos com demonstrativos: uma que os toma como termos referenciais, e outra que os toma como termos quantificacionais. Contudo, apesar dessa diferença nas análises, o resultado a que chegamos é semelhante, e mostra que os mecanismos por trás da anáfora de eventos são mais próximos da anáfora de entidades proposicionais do que da anáfora de objetos ordinários, contrariando a tese davidsoniana. Na terceira parte, analisamos a retomada de eventos em que o antecedente é uma estrutura nominal (i.e., DPs) e cujos termos anafóricos preferenciais são descrições definidas e demonstrativas. Nesta parte, investigamos a semântica das nominalizações e sua relação com eventos veiculados por verbos de ação flexionados. Assumimos, como é comum na literatura sobre eventos, que uma sentença com verbo de ação flexionado e sua contraparte com nominalização têm a mesma forma lógica. Mostramos que tal assunção leva a resultados indesejados quando consideramos a anáfora de eventos, que se situam, também nessa configuração, mais próxima da anáfora de entidades proposicionais. Na conclusão, apontamos que adotar a noção de evento como um objeto a partir do fenômeno da anáfora não se sustenta, já que a anáfora de eventos se assemelha em muito à anáfora de entidades abstratas, como as proposições, e não à anáfora de objetos. Tal conclusão tem consequências para as teorias semânticas contemporâneas que ingenuamente equiparam eventos a objetos

ASSUNTO(S)

semantic pragmatics anaphora (linguistic) events indexical (semantica) pragmatica anáfora (linguística) semantica indexicals (semantic) eventos

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