Tempo-espaço na vida cotidiana do bóia-fria

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A apreensão do cotidiano dos trabalhadores ―bóias-frias‖ tratou-se do principal objetivo de nossa pesquisa. Buscamos alcançá-la numa dupla perspectiva, o tempo e o espaço, entendendo que a trama pela qual se estabelecem os processos de exploração e dominação desses trabalhadores urde-se a partir deles. Temas outros, evidentemente, conformaram para essa apreensão, sendo que, instigados a uma leitura ancorada no princípio teórico-filosófico da totalidade, não nos furtamos da crítica, quando necessária, do que concerne a construção do próprio conhecimento. No materialismo histórico-dialético nos apoiamos metodologicamente. Em coerência com esse método, buscamos, no pensamento de Henri Lefebvre, elaborações teóricas capazes de nos fornecer um programa de pesquisa em consonância com a realidade da vida cotidiana no mundo moderno. Tais postulados foram, destarte, cruciais naquilo que objetivamos, de tal sorte que permitiram a realização desse estudo numa proposta única de pensamento, destoada do conhecimento parcelado, a meio caminho da apreensão dos fenômenos sociais. Por compreendermos, pois, a materialização desses fenômenos encetada pela lógica dialética, forma do movimento do conteúdo e mais, enquanto processo social e, portanto, cotidiano que redunda em história num constante devir, é que abordamos os conceitos de espaço social, tempo cíclico, tempo linear, sociedade burocrática de consumo dirigido, ordem próxima, ordem distante, antropologia dialética, além de outros. Por isso, abordamos a relação entre o meio urbano e o rural numa perspectiva dialética, amalgamadas no processo de re-produção das relações de produção. Do mesmo modo, reportamos ao cotidiano dos ―bóias-frias‖ no que tange ao modo de vida e a urbanidade pelo prisma da técnica e do consumo, dos desejos e das necessidades. Se devemos, então, apresentar a constituição do pensamento sob o qual se assentaram nossas premissas, considerações, constatações, enfim, a démarche imprimida pelo presente trabalho, temos uma elaboração triádica das idéias: o concebido, o percebido e o vivido, a necessidade, o trabalho e o gozo. Logo, trilhamos a apreensão do cotidiano dos ―bóias-frias‖ naquilo que há de poético, ruptura com o castigo do trabalho, dos incessantes gestos de produção de mais-valia, os momentos de desfrute do vivido, do prazer e da festa, do ensejo do novo e inesperado. Ademais, não abandonamos a pesquisa desse cotidiano no que o define alienante: a religiosidade, o processo de trabalho, a urbanidade ali envolta e instaurada de forma anômala. Por outro lado, primamos pelo assento da ordem distante no que ela encerra como ideológico. Sobremaneira o papel do Estado nos foi elementar para o que nos propomos. Por isso, sua eleição perante outros termos dessa ordem. Buscamos, finalmente, aproximá-las, ordem próxima e ordem distante, de certo modo o cotidiano e a história, algo diluído no presente texto como percurso na apreensão do cotidiano dos ―bóias-frias.

ASSUNTO(S)

tempo, espaço, cotidiano, bóia-fria temps, espace, quotidien, travailleur ruraux, sociologia

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