Situações familiares na obesidade exógena infantil do filho único

AUTOR(ES)
FONTE

Saúde e Sociedade

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011-06

RESUMO

Este é um trabalho qualitativo cujo objetivo foi aprofundar a compreensão da dinâmica familiar de filhos únicos obesos na infância. Crianças de oito famílias participaram do estudo: quatro meninos e quatro meninas, entre 7 e 10 anos, de grupo socioeducacional alto e baixo com avaliação nutricional para obesidade: IMC acima do percentil 97. Foram aplicados no domicílio os seguintes instrumentos: entrevista semiestruturada, teste projetivo Scenotest e avaliação nutricional. A análise apoiou-se na teoria das configurações vinculares (Berenstein e Puget). Os resultados apontaram dinâmicas familiares envolvendo contextos de natureza social, cultural e histórica da sociedade que parecem favorecer ambas as condições: a da obesidade infantil e a de filho unigênito. Elementos sociais enfatizando o individualismo se refletem em nível familiar e íntimo. Assim, a criança pode vir a encontrar, logo ao nascer, condições propiciadoras para que a vinculação básica com a figura materna não se processe de modo pleno, ocasionando deslocamento de parte do que não recebe para a satisfação no alimento. Além disso, a cultura do consumo interfere no modo e tipo de alimentação oferecida, na ludicidade e da sociabilidade infantil, assim como o estreitamento das possibilidades vinculares: intrapessoais, interpessoais, transpessoais, acrescentando-se o fato de não ter irmãos. Esse estudo mostrou que, embora nem todo filho único seja obeso e nem todo obeso seja filho único, uma condição pode ser facilitadora da outra na medida em que a situação sociocultural-histórica da sociedade de consumo hipermoderna parece direcionar a família a ambas as condições.

ASSUNTO(S)

obesidade infantil filho único relações familiares

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