Sistemas de ventilação por pressão negativa e positiva em instalações suinícolas e efeitos no desempenho produtivo dos animais nas fases de recria e terminação / Systems of ventilation for negative and positive pressure in swine installations and effect in the productive performance of the animals in the growing and finishing phases

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de suínos, ficando atrás apenas da China, União Européia e Estados Unidos. Apesar dos avanços testemunhados pela suinocultura, em muitas granjas brasileiras os elevados valores de temperatura e umidade relativa do ar, verificados nos galpões, especialmente no verão, tem afetado negativamente o desempenho dos animais em crescimento e terminação, levando a níveis de produção muito abaixo de seu potencial genético. A ventilação é um dos possíveis processos usados para amenizar estes efeitos. No entanto, para muitas regiões do Brasil, como é o caso do Centro-Oeste, a ventilação natural, muitas vezes, não é suficiente para garantir o conforto térmico em condições de calor, exigindo também o acondicionamento por via artificial. Tem-se verificado que, mesmo recorrendo a todas as técnicas do acondicionamento térmico natural e utilizando adequadamente os recursos de ventilação forçada simples, a temperatura dos galpões de produção animal costuma ser tão elevada que se torna necessário promover o pré-resfriamento do ar. Com base no exposto, este trabalho teve como objetivos avaliar, para as condições do Centro-Oeste brasileiro, com base no conforto térmico ambiente e no desempenho produtivo, nas fases de recria e terminação, três diferentes sistemas de acondicionamento térmico: ventilação por pressão positiva lateral, associada à nebulização interna; ventilação negativa em modo túnel, associada à nebulização interna e ventilação Natural. A presente pesquisa foi desenvolvida em galpões comerciais de recria e terminação, no município de Rio Verde-GO, Centro-Oeste brasileiro. Os animais foram alojados depois do período de creche (61 dias de vida) e permaneceram nas instalações até o abate (166 dias de vida). As instalações utilizadas neste experimento foram compostas por dois galpões de um mesmo núcleo, orientados no sentido leste-oeste, possuindo características estruturais semelhantes. Estes galpões possuíam dimensões similares de 90 m de comprimento, 10 m de largura, pé direito de 3,27 m, beiral de 0,80 m, cobertos com telhas de aço galvanizado comum sem nenhuma pintura, com inclinação de 25%. Eram subdivididos em dezenove baias coletivas de 47,20 m2 com capacidade para alojamento de 50 animais, com divisórias de 0,80 m de altura, confeccionadas em concreto pré-fabricado. Possuíam fechamentos nas faces leste e oeste, em alvenaria de meio tijolo. Nas laterais, fechamento com a associação de mureta pré-fabricada e cerca de arame liso. O piso concreto, com utilização de lâmina d’água na extremidade da baia. Para o tratamento testemunha, foi utilizado um dos galpões, o outro galpão foi dividido ao meio, sendo equipado com o sistema de ventilação por pressão negativa em modo túnel em uma de suas metades e o sistema de ventilação por pressão positiva lateral na outra metade. Foram avaliados, nos dois galpões e no ambiente externo, os índices de conforto térmico dos animais para as fases de recria e terminação. Foram feitas medições continuamente dentro de cada instalação á 1,5 m de altura em relação ao piso, das seguintes variáveis ambientais: temperatura do ar, temperatura de ponto de orvalho, umidade relativa e temperatura de globo negro. As medições foram realizadas com o uso de sistema de aquisição de dados com leitura contínua em intervalos de 30 minutos, totalizando 48 horários de coleta por dia. A partir destes dados foram calculados os índices de temperatura de Globo Negro e Umidade (ITGU) e Carga Térmica Radiante (CTR). Para avaliar, nas distintas fases do experimento, o desempenho dos animais nas fases de recria e terminação, foram utilizados os seguintes índices zootécnicos, consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar. Para o período de 61 a 96 dias de vida dos suínos, em geral, os valores de temperatura do ar dentro das instalações estiveram dentro ou muito próximos da zona de termoneutralidade para suínos em crescimento, 18 e 22 C para suínos entre 20 e 50 kg. A instalação equipada com o Sistema de Ventilação negativa tipo Túnel (VT) foi a que esteve em maior parte do tempo dentro da faixa de umidade relativa recomendada, que é de 50 a 70 %. Com base no ITGU, o sistema com Ventilação Lateral (VL) foi o que propiciou o melhor ambiente para os animais, pois foi onde se atingiu o limite deste índice por menor parte do tempo, apenas das 11:30 às 17:30 horas, seguido do Sistema VT, das 10:30 às 18:00 horas. Na avaliação da CTR houve variações de 446 a 649 W.m-2 para o ambiente externo, de 433 a 586 W.m-2 para a instalação com o sistema de Ventilação Natural (VN), 423 a 587 W.m-2 para a instalação com sistema de VL e 428 a 476 W.m-2 para a instalação com sistema VT. Para os índices zootécnicos não houve diferença significativa para os parâmetros analisados, contudo,houve melhor desempenho para o sistema VT, com Ganho de Peso Diário (GPD) de 0,779 kg, Consumo de Ração Diário (CRD) de 1,660 kg e Conversão Alimentar de 2,13.Para o período de 97 a 131 dias de vida dos suínos, em geral, os valores de temperatura do ar, dentro das instalações estiveram fora zona de termoneutralidade para suínos em terminação, valores entre 16 e 18C para suínos entorno de 60 kg. Apenas a instalação com o sistema de VL alcançou um pequeno intervalo de tempo dentro da faixa de temperatura ótima, das 5:00 às 7:00 horas. Para a umidade relativa a instalação com VN os animais ficaram submetidos a alto estresse no período de 13:30 às 16:00 horas, pois a umidade relativa alcançou valores abaixo do recomendado limite crítico, para a produção de suínos, que é de 40 %. Com base no ITGU, o Sistema de Ventilação Lateral propiciou ambiente confortável para os animais, pois apenas no horário das 17:30 alcançando o valor de 73 para o ITGU, pois, valores acima de 72 é indicativo de estresse para suínos. Para a CTR foram observadas variações de 470 a 785 W.m-2 para o ambiente externo, de 431 a 564 W.m-2 para a instalação com o sistema VN 419 a 583 W.m-2 para a instalação com sistema VL e 398 a 558 W.m-2 para a instalação com sistema VT. Para o desempenho animal, não houve diferença significativa para os parâmetros analisados. Contudo, verifica-se melhor desempenho para o sistema VL, com GPD de 1,049 kg, CRD de 2,621 kg e CA de 2,50. Para o período de 132 dias de vida até o abate dos suínos, o Sistema VL foi o mais eficiente em manter a temperatura interna da instalação dentro da faixa recomendada, durante o intervalo de tempo das 00:30 às 08:00 horas. Para a umidade relativa a instalação com Ventilação Natural os animais ficaram submetidos a alto estresse no período de 11:30 às 17:00 horas, pois a umidade relativa alcançou valores abaixo do limite crítico para a produção de suínos, que é de 40 %. Com base no ITGU, o sistema VL e o sistema com VT foram eficientes na manutenção do conforto para os animais, com ligeira vantagem para o VT. No sistema VL, no intervalo das 12:00 às 17:00, chegou-se a valores de ITGU no limite de 72. Enquanto o sistema de VN atingiu valores superiores ao limite máximo das 10:30 às 17:30, submetendo os animais ao estresse. Para CTR foram observadas variações de 390 a 592 W.m-2 para o ambiente externo, de 421 a 505 W.m-2 para a instalação com o sistema VN, 436 a 516 W.m-2 para a instalação com sistema VL e 433 a 498 W.m-2 para a instalação com sistema VT. Para os índices zootécnicos, não houve diferença significativa para os parâmetros analisados. Contudo, houve melhor desempenho para o sistema VT, com GPD de 1,022 kg, CRD de 2,877 kg e CA de 2,81. Existe, ainda, potencial para os sistemas de acondicionamento promover melhorias térmicas ambientais, com redução da temperatura em função do aumento da eficiência dos sistemas.

ASSUNTO(S)

suínos temperatura conforto térmico engenharia de construcoes rurais swine temperature thermal comfort

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