Síndrome da encefalopatia reversível posterior: aspectos clínicos, imagenológicos e experimentais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/03/2012

RESUMO

INTRODUÇÃO : A Síndrome Encefalopatia Reversível Posterior (Posterior Reversible Encephalopathy Syndrome PRES) é uma entidade clinico-radiológica caracterizada por cefaléia, alteração do nível de consciência, crises convulsivas e alteração visual e está associado a um edema provavelmente vasogênico na substância branca encefálica, predominantemente afetando os lobos occipitais e parietais. A fisiopatogenia do PRES permanece desconhecida e não existe um modelo experimental de tal distúrbio. OBJETIVOS : O objetivo desse trabalho é avaliar apresentação clínica juntamente com os exames de neuroimagem realizados por pacientes com Síndrome da Encefalopatia Reversível Posterior no Hospital São Lucas-PUCRS e baseado nos achados clínicos desenvolver um modelo translacional que mimetize essa síndrome em ratos Wistar. MÉTODOS : Foram revisados os prontuário juntamente com os exames de neuroimagem e laboratoriais de 25 pacientes portadores da síndrome da encefalopatia reversível posterior, os quais foram atendidos no Hospital São Lucas-PUCRS no período de 15 de março de 2007 à 15 de setembro de 2011. A partir das características clínicas e de neuroimagem analisadas nesta pesquisa desenvolvemos modelo experimental de PRES com o uso de ratas Wistar gestantes, as quais foram submetidas à redução da pressão de perfusão uterina (RUPP do inglês Reduction of Uterine Pressure Perfusion), medida de pressão arterial invasiva e estudo anatomopatológico dos encéfalos dos animais, após infusão venosa de azul de Evans para avaliação da permeabilidade da barreira hemato-encefálica. RESULTADOS : Dos 25 pacientes com PRES analisados com idade média de 27,84 anos (variando de 2 anos a 74 anos), 4 eram homens e 21 mulheres. As causas e/ou desencadeadores mais comumente encontrados foram de origem obstétricas em 11 casos (44%). O sintoma mais freqüentemente referido foi cefaléia em 18 pacientes (72%). A topografia mais comumente acometida pelo edema gerado pelo PRES foi occipital em 23 pacientes (92%). O valor da pressão arterial sistólica máxima em média foi de 176 mmHg e a pressão arterial diastólica máxima em média foi de 95,2 mmHg. Os animais submetidos ao modelo experimental proposto através do procedimento RUPP para mimetizar o PRES apresentaram alterações de permeabilidade da barreira hematoencefálica e elevação da pressão arterial quando comparado aos animais controles. CONCLUSÃO : Na nossa casuística o PRES foi nitidamente predominante em mulheres, os fatores desencadeantes/causais mais frequentes foram os de origem obstétrica, predominando a cefaleia como sintoma; os exames de neuro-imagem confirmaram o predomínio posterior das alterações estruturais e sugerem serem decorrentes de edema vasogênico com quebra da barreira hematoencefálica. O modelo experimental em ratos Wistar foi desenvolvido baseado nestas observações clínicas motivo pelo qual utilizamos ratas gestante submetidas a redução da pressão de perfusão uterina. Identificamos nestes animais a quebra da barreira hematoencefálica corroborando para o estabelecimento do modelo experimental do PRES, o qual pensamos que possa ser de fundamental importância para estudos posteriores que permitam uma melhor compreensão desta síndrome.

ASSUNTO(S)

medicina sÍndrome da leucoencefalopatia posterior edema imagem por ressonÂncia magnÉtica barreira hemato-encefÁlica prÉ-eclÂmpsia animais - experiÊncias medicina

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