Significados do trabalho informal em Luanda: luta, coragem e persistência nas vozes dos jovens migrantes / Meanings of informal work in Luanda: struggle, courage and persistence in the voices of the young migrants

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/02/2012

RESUMO

O presente trabalho foi desenvolvido na província de Luanda, capital da República de Angola, a partir das experiências de trabalho e de vida dos jovens migrantes envolvidos com o trabalho informal, mais especificamente a venda ambulante. O objetivo foi analisar os significados que os jovens migrantes, trabalhadores informais em Luanda, atribuem às suas experiências, bem como os motivos que os levaram ao envolvimento com tais atividades. A compreensão dessas atividades informais contribui para a superação das condições precárias de trabalho e sobrevivência dos jovens, uma vez que vivem, em sua maioria, em contexto marcado por extrema pobreza, vulnerabilidade, exclusão e desigualdade social. Entende-se que o conhecimento e a análise dos significados atribuídos por esses jovens às suas histórias e vivências, assim como os motivos do envolvimento deles nas atividades informais, constituem temas atuais e socialmente importantes, atendendo aos poucos ou à quase inexistência de estudos que abordem essa realidade a partir da visão de quem nela esteja envolvido. É um estudo qualitativo, fundamentado na teoria social de Marx, mais concretamente na perspectiva analítica do materialismo dialético crítico. Participaram do estudo 16 jovens migrantes, trabalhadores informais em Luanda, de ambos os sexos, com idades entre 18 e 35 anos. Foram utilizadas como técnicas de coleta de informações a observação participante e sistemática e entrevistas grupais orientadas por roteiro previamente elaborado, ambas complementadas por pesquisas bibliográfica e documental. Um diário de campo serviu para registrar as informações necessárias, as quais, posteriormente, contribuíram para a análise das informações obtidas e apresentadas neste trabalho. Os depoimentos dos jovens apontaram o trabalho informal como alternativa e estratégia de sobrevivência, que atendem à falta de postos de trabalho que pudessem absorvê-los. Por outro lado, mostraram que há uma repressão a esse tipo de trabalho, por parte do Estado, sem que este ofereça alternativas que lhes possibilitem a sobrevivência. Apontaram também que os jovens não têm o trabalho informal como projeto de vida, tanto é que muitos deles estão se empenhando em estudos que, acreditam, poderão abrir-lhes outras e novas oportunidades de emprego. A migração desses jovens para as capitais das províncias em busca de melhores condições de vida, de trabalho, de segurança, de proteção e de novas oportunidades, ocorreu principalmente em decorrência da guerra e da falta de investimentos nas zonas rurais. Conclui-se, que o trabalho informal é alternativa e estratégia dos jovens para superarem a falta de emprego e as múltiplas perdas e misérias que atravessam suas histórias e trajetórias de vida, incluindo a falta de condições para manter-se com dignidade e oferecer o essencial aos seus filhos e dependentes. Essas situações evidenciam a necessidade de pensar-se em políticas sociais e públicas capazes de alcançar os anseios, as aspirações e as expectativas desses sujeitos e garantir sua proteção, enquanto espaços de construção de novas formas e possibilidades de vida de quem se encontra destituído de seus direitos fundamentais

ASSUNTO(S)

juventude trabalho informal comércio ambulante desigualdade e exclusão social guerra civil pobreza e desemprego servico social youth informal work petty trade inequality and social exclusion civil war poverty and unemployment

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