Ser professor de português: o que dizem os discursos reguladores, os alunos e os professores no contexto da formação inicial (UMINHO/Portugal e UFRN/Brasil)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/12/2010

RESUMO

A constituição do ser professor de Português se dá em um processo dinâmico no qual muitos fatores estão implicados, tais como: as exigências dos documentos reguladores, o contexto de formação docente e a própria configuração da sociedade atual. Neste estudo, o nosso foco é refletir sobre a formação inicial de professores de Português e sobre os documentos oficiais que se voltam para essa formação, os quais nos suscitaram os seguintes questionamentos: o que significa ser professor de Português? Qual a visão dos sujeitos envolvidos com a formação para o ensino de Língua Portuguesa (professores e alunos)? Como esses sujeitos lidam com os documentos oficiais? E, finalmente, como esses discursos se relacionam? Para entender o contexto dos processos formativos e os saberes que lhes são inerentes, tomamos como referencial teórico, principalmente, os estudos de Garcia (1999) e Tardif (2005) e, para compreender e interpretar os enunciados dos entrevistados, ancoramonos em escritos de Bakhtin (2003), para quem o objeto das Ciências Humanas, ciências do homem, é o texto, uma vez que o homem é, por natureza, um ser expressivo. Situamos este estudo no âmbito da pesquisa qualitativa. Trata-se de um estudo de casos múltiplos, pois tem dois contextos como foco: a formação de professores de Português na Universidade do Minho/Portugal e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Brasil. Os dados que compõem o nosso corpus advêm de documentos elaborados pelos Ministérios da Educação de Portugal e do Brasil e adotados pelas duas instituições de formação citadas, de entrevistas individuais realizadas com oito professores formadores (sendo quatro de cada universidade) e de duas entrevistas coletivas (uma em cada instituição), realizadas com alunos em formação. Nosso percurso de análise está dividido em três momentos: no primeiro, fizemos análise dos documentos; no segundo, a do discurso dos professores nos dois contextos estudados e; por fim, a da fala de alunos em formação. Destacamos que, nesta pesquisa, nosso propósito não foi chegar a uma definição do tipo: ser professor de Português é X, mas nos interessou, sobremaneira, discutir a problemática que cerca a formação inicial, buscar pontos de vista distintos e ouvir vozes vindas de lugares sociais diferentes para melhor compreender nosso objeto de estudo. A nossa análise mostra que a formação inicial de professores de Português, tanto em Portugal quanto no Brasil, ocorre de forma complexa, sob a influência de fatores diversos, entre os quais destacamos: 1) as dificuldades de adequação dos sujeitos envolvidos às exigências dos órgãos reguladores; 2) a adequação de alunos e professores ao modelo organizacional da instituição de ensino superior; 3) as dificuldades dos professores de lidar com os problemas de aprendizagem de alunos que vêm de uma formação escolar básica e oriundos de realidades socioeconômicas distintas; 4) a busca pelo estabelecimento de metodologias de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa mais adequadas à realidade e; 5) a procura pela definição dos saberes profissionais necessários para o exercício docente

ASSUNTO(S)

discurso formação inicial ensino de língua materna educacao discourse initial formation teaching of first language

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