Revisão Taxonômica do Gênero Galea Meyen, 1832 (Rodentia, Caviidae, Caviinae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O gênero Galea Meyen, 1832 inclui quatro espécies recentes atualmente reconhecidas, G. spixii (Wagler, 1831), G. musteloides Meyen, 1832, G. flavidens (Brandt, 1935) e G. monasteriensis Salmsdorff et al., 2004, e erigidas com base em poucos espécimes. A nomenclatura desse gênero é confusa devido à dificuldade da delimitação morfológica das espécies. Assim, vários táxons são hoje considerados sinônimos, enquanto as espécies atuais foram fundamentadas em revisões não muito abrangentes ou na composição de catálogos de espécies. Assim, com o objetivo de reavaliar os caracteres utilizados para erigir as espécies e de conhecer a real variabilidade morfológica do gênero, foram empregadas duas abordagens metodológicas para as inferências taxonômicas: 1) a análise da morfometria linear de caracteres crânio-dentários e 2) a análise da morfometria geométrica do crânio, representando quase toda a distribuição do gênero Galea. As evidências morfológicas sugerem que: 1. O gênero Galea pode ser dividido em dois grandes grupos morfológicos, um localizado geograficamente a leste e mais ao norte, incluindo indivíduos provenientes de localidades do Brasil e chamado aqui de grupo spixii, e o outro à oeste e ao sul e composto por indivíduos provenientes de localidades da Bolívia acima dos 2.000 m de altitude, da Argentina e do Peru e chamado aqui de grupo musteloides; 2. A amostra composta por indivíduos de Santa Cruz, na Bolívia, até 600 m de altitude, apresentou-se como um agrupamento divergente de ambos os grupos anteriormente referidos e trata-se de uma entidade taxonômica distinta, sendo o nome Galea demissa (Thomas, 1921) disponível, considerando que esta como sinônimo sênior de Galea spixii campicola Doutt, 1938; 3. O nome Galea spixii (Wagler, 1831), segundo os resultados aqui apresentados, deve ser utilizado para as populações do estado da Bahia, sendo sua localidade tipo em São Felipe, estado da Bahia, em acordo com Osgood (1915); 4. Galea flavidens (Brandt, 1935) não pôde ser morfologicamente delimitada em função de importantes fatores como descrição insuficientemente detalhada, ausência de um holótipo e da definição exata da localidade tipo, sendo um sinônimo de Galea spixii; 5. Populações do estado de Minas Gerais e do estados do norte do Nordeste do Brasil formam dois grupos morfológicos distintos de G. spixii que devem ser formalmente redescritos; 6. Galea musteloides como atualmente proposto inclui mais de um táxon que, de acordo com os resultados, pode incluir três espécies para a Argentina, Galea comes Thomas, 1919, G. leucoblephara (Burmeister, 1979), G. littoralis (Thomas, 1901), 7. Galea monasteriensis Salmsdorff et al., 2004 não foi morfologicamente distinguível das amostras associadas ao nome G. musteloides de localidades a oeste e sul da Bolívia acima de 2.000 m e deve ser considerada um sinônimo júnior desta.

ASSUNTO(S)

roedor biologia geral

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