“Revés de um parto”: relatos de mulheres que perderam o filho no período neonatal

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Saúde Pública

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/01/2019

RESUMO

Resumo: O objetivo deste estudo foi compreender como as mães interpretam e explicam a morte de seus filhos no período neonatal. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa. Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com 15 mulheres residentes no Município de São Luís, Maranhão, Brasil, cujos recém-nascidos morreram no período de julho de 2012 a julho de 2014. A coleta de dados foi realizada entre 1º de abril e 29 de agosto de 2014. As entrevistas incluíram perguntas acerca do trabalho de parto, parto, nascimento e puerpério. Foi realizada análise de conteúdo na modalidade temática. A partir da fala das entrevistadas, foram evidenciadas fragilidades na rede de assistência. Para muitas, o atendimento recebido esteve relacionado a eventos que levaram à morte dos filhos. Foram identificados como núcleos de sentido a demora no atendimento e a negligência na maternidade, que evidenciaram um contexto de violência obstétrica sofrida pelas mulheres. Fica evidente a importância de criação de estratégias para promover e assegurar o cuidado humanizado no atendimento ao parto e nascimento. Deve-se buscar o fortalecimento de políticas públicas integralizadas que contemplem as demandas de atenção à saúde da mulher e da criança.Abstract: The aim of this study was to learn how mothers interpret and explain the death of a newborn child. The study used a qualitative approach. We conducted semi-structured interviews with 15 women in São Luís, Maranhão State, Brazil, whose newborn infants died between July 2012 and July 2014. Data were collected from April 1st to August 29th, 2014. The interviews included questions on labor, delivery, birth, and postpartum. Thematic content analysis was performed. The mothers’ testimony evidenced weaknesses in the network of care. Many of the mothers linked the care they received to events leading to their infants’ death. Core meanings identified by the analysis included slow and negligent care in the maternity hospital, revealing a context of obstetric violence against the women. There is an evident need to create strategies to promote humane care during labor and childbirth, strengthening comprehensive and integrated public policies to meet the demands for care for pregnant women and their infants.

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