Resposta imune intestinal de camundongos geneticamente deficientes em complexo de histocompatibilidade principal (MHC classe I ou II) infectados por Strongyloides venezuelensis

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A infecção por Strongyloides sp. induz resposta imune caracterizada por eosinofilia tecidual, mastocitose, produção de citocinas Th2 e anticorpos, tanto em roedores como em humanos. O objetivo desse estudo foi investigar a resposta imune contra a infecção por Strongyloides venezuelensis em camundongos geneticamente deficientes em complexo de histocompatibilidade principal (MHC) de classe I ou de classe II. Camundongos C57BL/6 (WT), MHC I-/- e MHC II-/- foram subcutaneamente inoculados com 3000 larvas (L3) de S. venezuelensis e sacrificados no 50, 80, 130 e 210 dias pósinfecção (p.i.). A taxa de infectividade foi estimada pela contagem de ovos/g/fezes, número de fêmeas recolhidas do intestino e taxa de fecundidade. Amostras do intestino delgado foram rotineiramente processadas e coradas com hematoxilina eosina, azul de toluidina e PAS-azul de alciano para identificação de eosinófilos, mastócitos e células caliciformes, respectivamente. Níveis de IL-4, IL-5, IL-12 e IFN-γ foram quantificados nos homogeneizados do intestino delgado e no soro dos camundongos infectados e não infectados por ELISA. Níveis de IgM, IgA, IgE, IgG total, IgG1 e IgG2a anti- Strongyloides foram quantificados no soro dos camundongos infectados e dos não infectados por ELISA. Amostras de sangue foram colhidas para realizar a contagem global e diferencial dos leucócitos. Os camundongos MHC II -/- foram mais susceptíveis a infecção por apresentar elevado número de ovos eliminados nas fezes e retardo na eliminação dos vermes adultos quando comparado aos camundongos selvagens (WT) e MHC I-/-. Analise histopatológica revelou a presença de infiltrado inflamatório leve no intestino delgado dos camundongos MHC II-/- com redução da eosinofilia tecidual, mastócitos e células caliciformes. Esses camundongos apresentaram também o número de eosinófilos e células mononucleares no sangue, significativamente reduzidos, acompanhados de redução de citocinas Th2 no homogeneizado do intestino e soro quando comparado aos camundongos WT e MHC II-/-. Além disso, os níveis de IgM, IGA, IgE, IgG total e IgG1 Strongyloides específicos no soro dos camundongos MHC II -/- reduziram significativamente, enquanto que discreto aumento nos níveis de IgG2a pode ser observado em comparação aos camundongos WT e MHC I-/-. Entretanto, estes resultados demonstraram que a expressão das moléculas de MHC II mas não as de MHC classe I são essenciais para um controle efetivo da infecção por Strongyloides, podendo explicar os possíveis mecanismos envolvidos na evasão do parasito da resposta imune do hospedeiro desencadeando assim nas formas potencialmente fatais da estrongiloidíase e disseminação para outros órgãos, principalmente em indivíduos imunossuprimidos.

ASSUNTO(S)

strongyloides venezuelensis mhc de classe ii resposta imune estrongiloidíase mhc class ii immunosuppression imunossupressão mhc class i immune response mhc de classe i imunologia strongyloidiasis

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