Respiração oral e qualidade vocal na infância: um estudo comparativo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

As alterações no sistema estomatognático decorrentes da respiração oral têm sido objeto de estudo de diversos profissionais, mas poucos abordam as implicações dessas alterações na produção vocal, principalmente sobre o trato vocal infantil, que possui características estruturais próprias no que se refere à forma, ao tamanho, à densidade e tensão dos tecidos. Objetivo: este trabalho tem por objetivo descrever a qualidade vocal nas alterações miofuncionais e posturais relacionadas às obstruções das vias aéreas superiores, em população infantil, por meio da descrição da atividade laríngea e dos parâmetros perceptivo-auditivos vocais. Métodos: participaram deste estudo 38 sujeitos, com idade média de 6,8 anos, de ambos os gêneros e com obstrução de via aérea superior significante, os quais foram divididos em dois grupos: GT, composto de crianças com obstrução de vias aéreas superior decorrente de hipertrofia de tonsilas palatinas, e GA, composto de crianças com hipertrofia de tonsilas faríngeas. Para caracterização da amostra os sujeitos foram submetidos à entrevista inicial(pais),avaliação da função respiratória e otorrinolaringológica (incluindo nasofibrolaringoscopia). Uma amostra de fala espontânea de cada sujeito por meio de tratamento digitalizado foi disposta em CD-áudio, com distribuição aleatória. Esse material foi submetido à Avaliação Perceptivo-auditiva da Qualidade Vocal com Motivação Fonética, modelo proposto por Laver (1980) e adaptado por Camargo (2002) por três juízes em consenso. Resultados:o grupo GT caracterizou-se por, capacidade vital rebaixada, tipo predominantemente clavicular, modo oronasal, coordenação pneumofonoarticulatória inadequada, obstrução por tonsila faríngea inferior a 40% e por tonsila palatina superior a 70%, sem alterações glóticas significativas. A análise perceptivo-auditiva demonstrou: ausência de ajustes articulatórios significantes, acoplagem velar com alta ocorrência de ajuste denasal e, tendência à nasalidade. Dentre os ajustes fonatórios, o escape de ar e a voz soprosa marcaram a fonação com baixo índice de instabilidades. Por sua vez, o grupo GA caracterizou-se por capacidade vital rebaixada, tipo respiratório clavicular, modo oronasal com incoordenação pneumofonoarticulatória, obstrução por tonsilas faríngeas superior a 70% e por tonsilas palatinas inferior a 40%, sem alterações glóticas significativas, embora com maior presença de alterações estruturais de pregas vocais. A análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal demonstrou: ausência de ajustes articulatórios significantes, acoplagem velar de caráter denasal e ajustes fonatórios marcados por escape de ar, voz soprosa e voz áspera, igualmente com baixo índice de instabilidade.Foram encontradas diferenças significativas entre os grupo GA e GT no que se refere a denasalidade e voz áspera e tendências para ajuste articulatório de labiodentalização e nasalidade em relação ao grupo GT. Conclusão: Apesar de literatura comumente citar as obstruções de vias aéreas superiores como um grupo único, o presente estudo, por meio da utilização de um instrumento metodológico atomístico e com enfoque integrativo, observou diferenças estatisticamente significantes entre os grupos. Estudos complementares se fazem necessários buscando-se investigar os demais aspectos da qualidade vocal que não foram abordados na pesquisa atual

ASSUNTO(S)

qualidade da voz voz - infancia fonoaudiologia amigdala adenoide tonsilas

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