Resolução de problemas sociais com adolescentes em conflito com a lei: estratégias de mensuração e intervenção / Social problem solving with young offenders: measuring strategies and intervention strategies

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/02/2008

RESUMO

O déficit de habilidades de resolução de problemas sociais entre adolescentes em conflito com a lei vem sendo apontado como uma das características dessa população. Entretanto, não há dados na literatura nacional que venham mensurar essa variável. Diante desta constatação, o presente estudo teve dois objetivos. Em um primeiro momento avaliou-se uma intervenção em grupo com adolescentes em conflito com a lei com o intuito de favorecer a discriminação e a emissão de respostas socialmente competentes favorecedoras ao seu bem-estar psicossocial (Estudo 1). Participaram do programa de intervenção seis adolescentes do sexo masculino, autores de atos infracionais. A pesquisa foi realizada em uma unidade da antiga FEBEM (Fundação CASA). Os instrumentos utilizados foram: Roteiro de Entrevista Individual, Inventário de Depressão Beck (BDI), Inventário de Ansiedade Beck (BAI), Inventário de Desesperança de Beck (BHS), Inventário de Resolução de Problemas Sociais Revisado: Forma Abreviada (SPSI-R:S) e Teste de Desempenho Escolar (TDE). Foram realizadas três sessões na fase pré-teste e dez sessões de ensino de resolução de problemas sociais na fase de intervenção. Três meses após o término do grupo, foi feita uma sessão para coleta de dados pós-intervenção. Os resultados indicaram: histórico de fracasso escolar; histórico de maus-tratos infantis, consumo de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas, e envolvimento em lutas corporais. Verificou-se um índice expressivo de abandono da intervenção, apenas dois participantes estiveram presentes em todas as sessões. Na fase de pré-teste, cinco participantes indicaram quadros de depressão e ansiedade, e quatro participantes indicaram desesperança. Na fase de pós-teste, um participante indicou diminuição da depressão, da ansiedade e da desesperança; o outro manteve os níveis de depressão (leve), de ansiedade (leve) e de desesperança (ausente). Na fase de follow-up, cinco participantes responderam ao instrumento. Todos indicaram diminuição da depressão. No que se refere à ansiedade, entre os que estiveram presentes em todas as fases, um diminuiu (de grave para leve) e outro apresentou o mesmo desempenho (leve). Os demais indicaram: manutenção (leve e moderado) ou aumento (leve para moderado). Quanto à desesperança, os que estiveram presentes em todas as fases apresentaram o mesmo nível (ausente). Os demais indicaram: manutenção (moderado/leve) e diminuição (grave/moderado). Quanto à habilidade de resolução de problemas,verificou-se que quatro participantes apresentavam repertórios na média do grupo normal e dois participantes tinham déficits de tais habilidades. Na fase de pósteste, um participante melhorou o desempenho e outro manteve o mesmo repertório. Na fase de follow-up, o desempenho oscilou indo da média do grupo normal a muito acima da média. Apesar das limitações metodológicas, como a ausência de dados sistemáticos, o presente estudo é o primeiro no Brasil a examinar habilidades de resolução de problemas sociais em grupo com adolescentes internados em uma unidade da FEBEM e o primeiro a utilizar um instrumento específico para análise do repertório de resolução de problemas sociais (SPSI:S-R) nessa população. Este estudo demonstra a relevância de se trabalhar com adolescentes infratores em situação de internação, população tipicamente excluída na sociedade brasileira. O Estudo 2 buscou validar, para uso no contexto brasileiro, o Inventário de Resolução de Problemas Sociais-Revisado: Forma Abreviada (SPSR:S), bem como investigar a evidência de validade de conteúdo e critério. Participaram do estudo 76 adolescentes do sexo masculino, sendo 38 adolescentes infratores e 38 não infratores. A pesquisa foi realizada em dois locais distintos: no Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) destinada ao atendimento de adolescentes em conflito com a lei na cidade de São Carlos e em escola estadual da mesma cidade. O instrumento utilizado foi o Inventário de Resolução de Problemas Sociais Revisado: Forma Abreviada (SPSI-R:S). O instrumento foi aplicado coletivamente e o tempo de aplicação foi de aproximadamente 30 minutos. Os resultados mostraram no que se refere às evidencias de validade de conteúdo uma concordância entre os juízes de aproximadamente 95%. Quanto à validade de critério, o instrumento foi capaz de discriminar populações de infratores e não infratores. Pode-se afirmar que há uma relação aparente entre o Escore e o Grupo, ou seja, quanto maior o escore total no SPSI-R:S maior a probabilidade de o jovem não ser infrator. O desenvolvimento de programas de intervenção e instrumentos específicos para esta população se mostra relevante uma vez que o número de pesquisas voltadas à intervenção e mensuração, apesar dos esforços de estudiosos, ainda é reduzido no Brasil.

ASSUNTO(S)

educacao especial resolução de problema intervenção mensuração infratores adolescentes social problem solving intervention young offenders measure

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