Representações de tradução de genero no dizer de tradutoras brasileiras / Representation of gender translation in the utterances of female brazilian translators

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A tese, ancorada na perspectiva da Análise do Discurso, em interface com a Desconstrução, investiga e discute a presença de tradução de gênero no contexto brasileiro e as representações de tradução de gênero que emergem no dizer de tradutoras brasileiras. Recortes discursivos selecionados, a partir das respostas de 21 (vinte e uma) tradutoras brasileiras a um questionário de 5 (cinco) perguntas, enviado por e-mail para duas listas de tradução que circulam no Brasil, foram analisados, buscando na materialidade linguística e nas formações inconscientes que nela irrompem, indícios da constituição do imaginário dessas tradutoras sobre tradução de gênero. O pressuposto que sustenta a investigação defende que já há uma prática de tradução de gênero no contexto quebeco-canadense, desde a década de 1970, cuja relação vem sendo discutida e problematizada, sem conflitos. O estudo que empreendemos para compor a fundamentação teórica pautou-se, inicialmente, no interesse de problematizar o encontro entre o feminismo e a tradução, discutindo como a tradução de certos grupos feministas serviu de agenda política para, de alguma forma, subverter a inferioridade sofrida pelas mulheres na escrita tradutora. A análise aponta para os seguintes resultados: há ainda muita resistência quanto à relação gênero e tradução, pelo menos, no que se refere à discursivização sobre o assunto, no Brasil, já que a temática evocou relações com os múltiplos feminismos da história e tudo o que isso simbolicamente representa, incluindo as lutas nele travadas, as resistências aos radicalismos do feminismo inicial e aos rótulos e estereótipos a ele vinculados. Daí que as representações de tradução de gênero que emergem do dizer ou ressoam sentidos de luta social, ou se fixam no domínio técnico da língua ou são imaginarizadas como expressão de criatividade e autoria, mesclando-se para instituir momentos de identificação aliados à singularidade das tradutoras. As tradutoras, quando falam sobre o seu fazer tradutório, defendem o emprego de uma linguagem inclusiva de gênero, por meio de interferências nos textos considerados por elas “machistas”, todavia tais interferências ainda parecem estar muito presas ao nível da linguagem. Considerando-se os limites dos registros do corpus da pesquisa, a hipótese de que há vestígios de tradução de gênero no dizer sobre/na prática tradutória de tradutoras brasileiras na atualidade mostrou-se válida, pois não só há vestígios de tradução de gênero no dizer sobre tradução, como também emergiram nos dizeres efeitos de sentido que apontam para uma constituição identitária das tradutoras já inseridas no contexto de um emprego de uma linguagem mais inclusiva nas traduções por elas praticadas.

ASSUNTO(S)

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