Relações de gênero e sexualidade no cotidiano escolar: concepções de duas professoras do ensino fundamental.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Este trabalho tem como ponto de partida a questão: Como as professoras das séries iniciais do Ensino Fundamental percebem a construção de suas concepções e práticas no concernente, especificamente, ao seu trabalho com a sexualidade e com as relações de gênero que se apresentam na sala de aula e nos outros espaços da escola? Seus objetivos foram identificar nas narrativas das professoras: a) as percepções sobre suas trajetórias de formação profissional; b) suas percepções sobre a sexualidade e as relações de gênero presentes nas relações interpessoais de uma sala de aula; c) percepções das formas como elas próprias lidam com as questões relacionadas a gênero e a sexualidade; d) as concepções que permeiam as suas percepções (ou ausência delas) sobre a sexualidade e as relações de gênero de seus alunos e alunas; suas concepções pessoais de sexualidade e de relações de gênero que influenciam nas percepções e concepções possuem da sexualidade na infância e das relações de gênero e como estas interferem nas relações que estabelecem com os seus alunos e alunas e que consentem que estes estabeleçam com elas. Para coleta de dados, foram realizadas entrevistas com duas professoras da rede de educação municipal de São Carlos, interior de São Paulo, no Brasil. Das análises dos depoimentos resultou três focos temáticos, quais sejam: a) a formação e a prática pedagógica; b) os alunos, as alunas e a professora: percepção das relações de gênero presentes na escola; c) a sexualidade que se apresenta na escola. Os resultados da pesquisa confirmaram que a escola propicia a seus alunos e alunas uma Educação Sexual, pautada por estereótipos sexistas e pelo ocultamento de uma sexualidade infantil, como já revelada por vasta literatura a este respeito. As análises das falas das professoras também demonstraram que elas percebem que suas concepções são originárias, em grande parte, de múltiplos fatores, entre eles, a educação familiar, que receberam durante suas infâncias, e que foi fortemente influenciada pelo cristianismo, com predominância do catolicismo. A mídia, presente através da televisão, mas principalmente nas leituras de revistas destinadas a adolescentes, também participaram nesta construção, trazendo informações nem sempre disponibilizadas pela família ou pelos amigos. Os dados também revelaram que os cursos de formação de professores abordam superficialmente a questão de sexualidade humana, sem especial atenção para a infantil. Suas falas ainda revelaram que os educadores escolares visualizam muito pouco, e de maneira intuitiva e imediatista, a sexualidade de seus alunos e alunas, bem como as suas manifestações. Finalmente, estas professoras disseram acreditar na importância e na necessidade de uma Educação Sexual formal dentro do currículo escolar com professores devidamente formados para nela atuarem.

ASSUNTO(S)

professores - formação relação de gênero educação sexual educacao

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