Relação entre raiz e parte aerea de plantulas de especies arboreas tropicais sob diferentes niveis de radiação solar / Relation between root and aerial part of seedings of tropical trees species under different levels of irradiance

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O crescimento de plântulas de espécies arbóreas tropicais, em ambientes com disponibilidade luminosa contrastante, depende de interações entre características morfológicas e fisiológicas. Dentre as várias alterações morfológicas que ocorrem em condições de baixa irradiância, uma é a razão de crescimento entre a raiz e a parte aérea. A razão raiz:parte aérea de plântulas pode ser indicativa de especialização a diferentes ambientes. No geral, quanto mais sombreado o ambiente, maior a alocação de biomassa para as folhas. O aumento da biomassa da parte aérea (folhas e caules) se faz em detrimento da biomassa das raízes. Com o objetivo de verificar os efeitos de diferentes níveis de irradiância na alocação diferencial de fotossintatos, entre a parte aérea e subterrânea de plântulas de algumas espécies arbóreas tropicais, foram analisados o papel dos cotilédones e da região apical do caule e raiz na alocação, o teor de amido e a translocação de compostos de carbono. Plântulas de Copaifera langsdorfii, Dalbergia nigra, Hymenaea courbaril, Myroxylon peruiferum, Peltophorum dubium e Poecilanthe parviflora, consideradas tolerantes ao sombreamento e Bauhinia longifolia, Enterolobium contortisiliquum, Erythrina speciosa, Piptadenia gonoacantha, Senna macranthera e Schizolobium parahyba, consideradas pioneiras, foram crescidas por aproximadamente 2 meses sob 4, 18, 50 e 100 % da irradiância total. O acúmulo de biomassa de todas as espécies estudadas aumentou em resposta ao aumento da disponibilidade luminosa, bem como as taxas de crescimento relativo e a assimilação líquida. Verificou-se, em geral, redução na razão raiz: parte aérea das plântulas sob baixa irradiância. Apesar deste padrão geral, as espécies estudadas variaram quanto à razão raiz:parte aérea. Plântulas de espécies consideradas tolerantes ao sombreamento como Myroxylon peruiferum, Poecilanthe parviflora e Hymenaea courbaril apresentaram pouca alteração na razão raiz:parte aérea entre os diferentes tratamentos. Bauhinia longifolia, Copaifera langsdorfii, Erythrina speciosa, Enterolobium contortisiliquum e Piptadenia gonoacantha destacaram-se pelas altas razões raiz:parte aérea sob altas irradiâncias. A remoção dos cotilédones das plântulas, da maioria das espécies estudadas, resultou em redução da biomassa total. No geral, não houve diferença significativa na fração de biomassa alocada ao caule, às raízes e às folhas e na razão raiz:parte aérea, com a remoção dos cotilédones. O acúmulo relativo de amido nas folhas não pareceu associado ao decréscimo na partição de biomassa para as raízes, nas plântulas das espécies analisadas. Plântulas de Erythrina speciosa, que pouco diferiram neste aspecto quando mantidas a 2 e 50 % da irradiância, apresentaram a maior alteração na razão raiz:parte aérea. Plântulas de Poecilanthe parviflora, que não alteraram significativamente a distribuição de massa seca entre raiz e parte aérea, diferiram significativamente quanto ao acúmulo relativo de amido nas duas irradiâncias. Aparentemente, a remoção parcial dos diferentes órgãos contribuiu pouco para a redução da biomassa total. No geral, as plântulas das espécies analisadas revelaram um crescimento compensatório em resposta à remoção, tanto sob baixa quanto alta irradiância. A razão raiz:parte aérea não foi alterada em relação às plântulas intactas. A avaliação da distribuição de compostos com carbono radioativamente marcados demonstrou que a direção do movimento dos assimilados nas plântulas de Erythrina speciosa, Poecilanthe parviflora e Enterolobium contortisiliquum, após 48 horas de aplicação, deu-se no sentido da folha aplicada para o caule e em menor proporção para a raiz, exceto em plântulas de Hymenaea courbaril que retiveram quase a totalidade de assimilados na folha aplicada. No geral, não se observou uma diferença marcante em termos de movimento de assimilados, em plântulas mantidas a 2 e 50 % da irradiância. Em resumo, as espécies consideradas pioneiras apresentaram mudanças morfológicas e fisiológicas mais amplas, revelando grande plasticidade e habilidade em adaptar-se às variadas intensidades luminosas a que foram submetidas, em relação às espécies secundárias que revelaram baixa plasticidade fenotípica, a qual geralmente está associada à tolerância ao sombreamento. Entretanto, verificou-se a existência de espécies com respostas intermediárias e variáveis em relação aos parâmetros analisados

ASSUNTO(S)

raizes (botanica) - fisiologia plantas - assimilação plant ecophysiology roots (botany) plants ecofisiologia vegetal

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