Relação dose-dependente do uso crônico de fenitoína e atrofia cerebelar em pacientes com epilepsia

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Neuro-Psiquiatria

DATA DE PUBLICAÇÃO

2000-06

RESUMO

O uso crônico da fenitoína ou intoxicação aguda por essa droga produzem lesão cerebelar permanente com atrofia do vermis e hemisférios cerebelares, que pode ser evidenciada através de exames de neuroimagem. O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação entre a dosagem e o tempo de uso da fenitoína com a ocorrência de atrofia cerebelar. Foram realizados levantamento de prontuários para a obtenção de dados clínicos e análise de tomografias de crânio para avaliação de atrofia cerebelar. Dos 66 pacientes estudados, 18 apresentaram atrofia moderada a severa, 15 atrofia leve e 33 foram considerados normais. Os pacientes com atrofia cerebelar moderada a severa foram aqueles com maior exposição à fenitoína (uso prolongado e dose total), apresentando diferença estatisticamente significativa se comparados aos pacientes com atrofia leve ou sem atrofia (p=0.02). Além disso, no subgrupo de pacientes em uso de fenitoína, aqueles com atrofia moderada a severa possuíam níveis séricos de fenitoína significativamente mais elevados que os pacientes com atrofia leve ou sem atrofia (p=0.008). Não houve relação entre duração do tratamento e dose de outros anticonvulsivantes e presença e grau de atrofia cerebelar. Os pacientes mais velhos apresentaram maior grau de atrofia cerebelar, indicando que o fator idade ou tempo de epilepsia, ou ambos, pode ser importante na determinação de degeneração cerebelar. Concluímos que apesar da possibilidade de lesão cerebelar relacionada a crises epilépticas repetidas, a contribuição da fenitoína pode ser claramente estabelecida como um dos determinantes da atrofia cerebelar, sobretudo naqueles pacientes com altas doses por tempo prolongado e níveis séricos elevados.

ASSUNTO(S)

fenitoína atrofia cerebelar epilepsia

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