Regeneração natural em áreas abandonadas após intensivo uso do solo em uma ilha originalmente coberta pela Floresta Tropical Atlântica, Brasil
AUTOR(ES)
Silvestrini, Milene, Cysneiro, Airton de Deus, Lima, Aline Lopes, Veiga, Larissa Giorgeti, Isernhagen, Ingo, Tamashiro, Jorge Yoshio, Gandolfi, Sergius, Rodrigues, Ricardo Ribeiro
FONTE
Rev. Árvore
DATA DE PUBLICAÇÃO
2012-08
RESUMO
O tempo necessário para a regeneração de uma floresta em áreas degradadas depende de como a floresta foi removida e do tipo de uso do solo após o desmatamento. A regeneração natural foi estudada em campos abandonados após intensivo uso agrícola em áreas originalmente cobertas por Floresta Atlântica na Ilha Anchieta, Ubatuba, Brasil, com o objetivo de entender como as comunidades vegetais se re-estruturam após perturbações antrópicas e determinar estratégias apropriadas de restauração florestal. Os campos foram classificados em três tipos de vegetação, em função da espécie vegetal dominante: 1) campos de Miconia albicans (Sw.) Triana (Melastomataceae), 2) gleicheniais de Dicranopteris flexuosa (Schrader) Underw. (Gleicheniaceae) e 3) gleicheniais de Gleichenella pectinata (Willd.) Ching. (Gleicheniaceae). A composição e estrutura da regeneração natural foram comparadas entre os três tipos de vegetação, delimitando-se aleatoriamente três parcelas de 1 m x 3 m, em cinco locais da ilha. Foi observado um gradiente na composição e abundância de espécies na regeneração natural ao longo dos três tipos de vegetação, dos gleicheniais de Dicranopteris até os campos de Miconia. Esse gradiente não seguiu exatamente o mesmo padrão de distribuição dos três tipos de vegetação na ilha em relação à proximidade com os remanescentes florestais. Uma complexa associação de fatores bióticos e abióticos parece estar afetando o recrutamento e estabelecimento das plântulas nas parcelas estudadas. A baixa regeneração de plantas nos gleicheniais de Dicranopteris e Gleichenella sugere o efeito inibitório das samambaias sobre o recrutamento de espécies herbáceas e arbustivo-arbóreas. Entretanto, não foi possível distinguir diferentes padrões de regeneração arbórea entre os três tipos de vegetação. Os resultados indicaram que a regeneração florestal após distúrbios antrópicos intensos não é direta, previsível ou, mesmo, alcançável por si só. Ações e técnicas apropriadas para cada área, como remoção das samambaias, cobertura de solo e enriquecimento com espécies arbóreas foram sugeridas, visando à restauração da regeneração natural dos campos e ao seu retorno às condições florestais.
ASSUNTO(S)
florestas tropicais úmidas distúrbios antrópicos restauração florestal
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