Reforma da Educação Superior nos Anos de Contra-revolução Neoliberal : de Fernando Henrique Cardoso a Luís Inácio Lula da Silva

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A crise estrutural do capitalismo na década de 1970, marcada por uma profunda recessão, combinando baixas taxas de crescimento e altas taxas de inflação, impulsiona a burguesia internacional à elaboração de estratégias de enfrentamento a esta crise que articulem as seguintes dimensões: a reestruturação da esfera produtiva, o reordenamento do papel dos estados nacionais e a difusão do projeto burguês de sociabilidade. Estas dimensões, manifestações atuais da contra-revolução prolongada, são operacionalizadas pelas políticas neoliberais em curso e constituem a base de fundamentação do projeto hegemônico da globalização econômica e da sociedade da informação, difundido pelos sujeitos políticos do capital, especialmente os organismos internacionais como Banco Mundial, UNESCO e OMC. Examinar a atual configuração do capitalismo é uma tarefa imprescindível para a análise da reformulação da política educacional em curso nos países periféricos, na medida em que essa reformulação, especialmente da educação superior, é justificada pela necessidade de adequação desses países à nova ordem mundial globalizada e à sociedade da informação. A educação escolar estará inscrita na última década do século passado e no início deste século como uma eficaz estratégia de alívio da pobreza, que se amplia e aprofunda nos países da periferia do capitalismo, constituindo-se como uma política internacional de segurança do capital; como uma promissora área de investimentos para o capital em crise, em sua incessante busca por novos mercados e novos campos de exploração lucrativa, bem como uma importante estratégia de difusão da concepção de mundo da burguesia, em sua disputa constante para conformar mentes e corações à sua imagem e semelhança. Neste quadro é que está inserida a reformulação da educação superior realizada no Brasil nos anos de contra-revolução neoliberal. Iniciada no governo Collor de Mello (1990-1992) e Itamar Franco (1993-1994), a partir de um movimento de continuidades e novidades em relação à reformulação imposta pelo regime burguês-militar; acelerada nos dois períodos do Governo Cardoso (1995-2002) e aprofundada nos dois primeiros anos do Governo Lula da Silva (2003-2004), esta reformulação mantém o padrão dependente de educação superior que atravessa a história da educação brasileira, ampliando, por um lado, o processo de privatização interna das universidades públicas brasileiras e, por outro, o empresariamento da educação superior, criando, conseqüentemente, as bases para o aprofundamento da inserção capitalista dependente do Brasil na economia mundial e para intensificação do processo de conversão neocolonial.

ASSUNTO(S)

brasil ensino superior universidades e faculdades reforma universitária educacao

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