Reconstruction of dental palaeopathological profiles in incipient and developed agriculturalists from the cost of the Central Andes / Reconstrução de padrões paleopatológicos dentais em agricultores incipientes e desenvolvidos do litoral dos Andes Centrais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A introdução da agricultura tem sido reconhecida como uma das mais importantes mudanças no modo de vida da humanidade. Indicadores osteológicos e dentais são utilizados pela arqueologia para avaliar mudanças no padrão subsistencial associado com alterações na organização social. No entanto, a multiplicidade de meio-ambientes e a grande variabilidade dos processos culturais, tornam a reconstrução de subsistência um assunto complexo. Assim, ainda não é clara a caracterização dos perfis paleopatológicos dentários de populações com estratégias mistas de obtenção de recursos alimentares. Neste trabalho avaliam-se, desde uma perspectiva comparativa, mudanças e continuidades de indicadores paleopatológicos orais (cárie dental, doença periodontal e padrões de desgaste dental) de quatro populações assentadas no litoral dos Andes Centrais. Três das populações pertencem ao Período Formativo (2500-1 a.C), durante o qual se acredita ter ocorrido o início da agricultura e a complexificação social. A quarta população assume o papel de grupo controle, uma vez que pertence ao Período de Desenvolvimentos Regionais Tardios (PDRT,1000-1440 d.C), caracterizado pelo auge do desenvolvimento agrícola e uma organização social hierarquizada. Estes quatro grupos prestam-se bem a testes de hipótese sobre qual o impacto que mudanças alimentares causam na dentição, pois a subsistência do primeiro e do último deles é bem conhecida. Assim, o grupo mais antigo constitui-se de pescadores-horticultores, enquanto o último é formado por agricultores plenos. Os demais grupos apresentam subsistência intermediária. Testam-se seis hipóteses, que, com o aumento do desenvolvimento agrícola acarretariam em: 1) um incremento na freqüência e prevalência de cárie e AMTL; 2) um aumento na velocidade de desenvolvimento das lesões de cárie; 3) uma mudança na localização de cáries (de oclusais para extra-oclusais); 4) um incremento na prevalência e gravidade da doença periodontal; 5) uma diminuição do desgaste dental e 6) a presença de hábitos de mascar coca e consumir chicha no período mais tardio. Como não há diferenças significativas entre as freqüências de lesões cariosas e AMTL entre os grupos, rejeita-se a hipótese 1. Por outro lado, a profundidade da cárie aumenta, assim como se verifica uma mudança de cáries oclusais para extra-oclusais. Entretanto, hipóteses 2 e 3 só podem ser corroboradas levando-se em consideração o desgaste dental. A hipótese 4 foi parcialmente confirmada e finalmente, as hipóteses 5 e 6 foram totalmente confirmadas. Dentre os indicadores estudados, as cáries de dentina e as extra-oclusais são os que refletem de maneira mais confiável a cariogenicidade. Os modelos paleopatológicos inferidos para cada grupo acusam diferenças significativas entre os períodos iniciais (com dietas em trânsito à agricultura) e os dois mais tardios (com dietas predominantemente compostas de vegetais cultivados). Os resultados obtidos são discutidos do ponto de vista biológico e sociocultural, com apoio em dados arqueológicos, etnohistóricos e etnográficos. As diferenças são atribuídas principalmente à mudanças na tecnologia de preparo de alimentos e à introdução de novos produtos e hábitos.

ASSUNTO(S)

paleopatologia dental caries subsistence patterns padrão de subsistência palaeopathology cárie dentária

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