Qual o tratamento para cefaleia crônica diária secundária a abuso de analgésico?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Uma das causas mais comuns de cefaleia crônica diária é o abuso de analgésico. Esta condição é diagnosticada quando o paciente apresenta cefaleia por pelo menos 15 dias ao mês e faz uso de analgésicos simples por pelo menos 15 dias ou múltiplos analgésicos por pelo menos 10 dias. Na prática, devemos suspeitar sempre que o paciente tomar analgésicos pelo menos uma vez por semana.

Usualmente é decorrente de um quadro de migrânea ou cefaleia tipo tensional, que, com o uso abusivo de analgésicos, acaba por modificar as características da dor. Embora a maioria dos casos seja decorrente de quadros benignos, devemos sempre estar atentos para a presença de fatores de alerta para a cefaleia. O manejo dessa condição envolve os seguintes passos:

– Diagnosticar o tipo de cefaleia que desencadeou o abuso de analgésico, buscando as características iniciais da dor.

– Usualmente, o paciente apresenta cefaleia tipo tensional ou migrânea.

– Educar o paciente sobre a benignidade da cefaleia primária e sobre o uso abusivo de analgésicos levar a um quadro de cefaleia crônica.

– Suspender imediatamente o uso dos analgésicos.

– Iniciar “terapia-ponte”: prescrever de maneira fixa, independente da dor, antiinflamatório não esteroide ou corticoide, por uma semana. Sugere-se o uso de Naproxeno 550 mg, a cada 12 horas, por uma semana ou Prednisona 60 mg, uma vez por dia, durante uma semana.

– Iniciar medicamento profilático de acordo com o tipo de cefaleia que o paciente apresente, juntamente com a “terapia-ponte”. Se o paciente apresentar cefaleia tipo tensional, prescrever tricíclico em baixa dose; se apresentar enxaqueca, utilizar tricíclico em baixa dose, betabloqueador ou anticonvulsivante.

– Após o período da “terapia-ponte”, prescrever medicamento analgésico apropriado.

– Manter o seguimento e monitorar a frequência das crises e a tolerância ao medicamento profilático prescrito.

1. Bivanco-Lima D, et al. Cefaleia e enxaqueca. In: GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Org.). Tratado de medicina de família e comunidade. Porto Alegre: Artmed, 2012. v. 2. p. 1779-1788.

2. Duncan BB, et al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

3. Garza I, Schwedt TJ. Overview of chronic daily headache. Waltham (MA): UpToDate, Inc., 2016. [acesso em 07 de nov de 2017]. Disponível em:

4. Garza I, Schwedt TJ. Medication overuse headache: Treatment and prognosis. Waltham (MA): UpToDate, Inc., 2016. [acesso em 23 de mai de 2016]. Disponível em:

5. Harzheim E, Agostinho MR, Katz N (Org.). Protocolos de regulação ambulatorial: neurologia adulto [Internet]. Porto Alegre: TelessaúdeRS/UFRGS, 2015. [acesso em 07 de nov de 2017. Disponível em:

6. Sociedade Internacional de Cefaleias. Classificação Internacional de Cefaleias. 3. ed. Lisboa: Sociedade Internacional de Cefaleias, 2014.

ASSUNTO(S)

cuidados primários de saúde médico n01 cefaleia analgésicos cefaleia

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