Qual é o diagnóstico diferencial de paralisia facial periférica?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Minas Gerais - NUTEL

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Na avaliação de um paciente com paralisia facial periférica (PFP), anamnese detalhada e exame físico minucioso são fundamentais, a fim de investigar causas secundárias (Tabela 1). A paralisia de Bell ou idiopática é a etiologia mais comum (cerca de 50 a 75% dos casos), porém representa um diagnóstico de exclusão.1, 2

Inicialmente é importante definir se o quadro é súbito ou gradual. Na paralisia de Bell o início é súbito, e o tempo de progressão do início dos sintomas até o grau máximo do déficit motor é geralmente em cerca de 3 dias. O início insidioso e a progressão lenta, principalmente quando superior a 2 semanas, sugerem causa secundária.2

Na maioria dos casos, a etiologia traumática pode ser identificada pela história de trauma ou abordagem cirúrgica recente no território do sétimo nervo. Tumores têm início gradual e tendem a acometer outros pares cranianos de forma concomitante.3 O neurinoma do acústico (schwanoma do vestibular) é a lesão tumoral intracraniana mais frequentemente associada a PFP. O paciente pode apresentar cefaléia, redução acuidade auditiva, zumbido e vertigem.

Dor intensa sugere infecção pelo herpes simples ou varicella zoster, e pode preceder a erupção vesicular na síndrome de Ramsey-Hunt. A otoscopia e a oroscopia são extremamente importantes, pois as vesículas podem acometer conduto auditivo, palato mole ou língua. O vírus varicella zoster pode causar paralisia facial mesmo na ausência de lesões cutâneas (“zoster sine herpete”). A otoscopia também é importante no diagnóstico de otite média, otite externa maligna e colesteatoma.1

PFP tem sido relatada em todos os estágios da infecção pelo HIV, principalmente no momento da soroconversão ou em estágios tardios, quando geralmente está associada a infecções oportunistas, polirradiculopatia desmielinizante crônica ou linfomatose meníngea.4 A PFP é a neuropatia craniana mais comum na meningite por doença de Lyme. Pode ser uni ou bilateral, e geralmente persiste por menos de 2 meses.

Os pacientes apresentam manifestações clínicas adicionais que sugerem doença de Lyme: história de picada por carrapato, eritema crônico migratório, mal-estar, febre, cefaléia, rigidez de nuca, mialgias, artralgias migratórias e linfadenopatias, bloqueios cardíacos, vertigem e redução de acuidade auditiva.3, 4

Meningite, sarcoidose, síndrome de Guillain-Barré e polirradiculopatia craniana idiopática geralmente se manifestam como PFP bilateral. Lesões no núcleo do nervo facial podem se manifestar como PFP, mas geralmente estão associadas a outros sinais de acometimento de tronco cerebral, como exceção de lesões pontinas, que podem se manifestar como PFP isolada (por exemplo, esclerose múltipla).3

A síndrome de Melkersson-Rosenthal é rara, de etiologia desconhecida e de provável predisposição hereditária. Caracteriza-se pela presença de edema orofacial recidivante, língua plicata e episódios recorrentes de paralisia facial periférica, com início na adolescência.5

ASSUNTO(S)

apoio ao diagnóstico médico n91 paralisia facial / paralisia de bell paralisia facial d - opinião desprovida de avaliação crítica/baseada em consensos/estudos fisiológicos/modelos animais prevenção e controle do câncer

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