Qual deve ser a conduta do dentista frente a pacientes com lesões bucais suspeitas de sífilis?
AUTOR(ES)
Núcleo de Telessaúde Amazonas
FONTE
Núcleo de Telessaúde Amazonas
DATA DE PUBLICAÇÃO
12/06/2023
RESUMO
Para diagnóstico diferencial de lesões suspeitas de sífilis o dentista poderá encaminhar o paciente para realizar o teste rápido para sífilis na própria unidade de saúde
. E como seguimento protocolar, podem ser solicitados exames laboratoriais para HIV, hepatites B e C e o exame Venereal Disease Research Laboratory (VDRL), confirmatório para sífilis
. A análise do exame clínico associado com exame físico e ensaios sorológicos, normalmente permite o diagnóstico da doença
.
As manifestações orais da sífilis ocorrem especialmente no estágio secundário da doença, nesse estágio a doença é altamente contagiosa e seu diagnóstico diferencial é desafiador e amplo. O aspecto clínico das lesões pode ser bastante heterogêneo e até mimetizar algumas lesões orais e inclui úlceras traumáticas, infecções herpéticas, tuberculose, líquen plano, eritema multiforme e carcinoma de células escamosas
.
O dentista tem um papel importante no diagnóstico da sífilis, pois a cavidade bucal representa um dos sítios extragenitais mais comuns de inoculação da bactéria Treponema pallidum
. Ele deve conhecer as manifestações mais comuns de sífilis na mucosa oral, para auxiliar no diagnóstico e tratamento da doença
.
As manifestações orais da sífilis podem se apresentar como placas cinzentas, úlceras com bordas irregulares e esbranquiçadas, placas mucosas, nódulos, manchas e erosão
. Pode-se notar a presença de condilomas lata, ulcerações em forma de caracol, máculas papulares vermelhas e pápulas fendidas
. As características diversas das lesões orais da sífilis podem aumentar a complexidade do seu diagnóstico. Portanto, é fundamental que o profissional conheça os possíveis diagnósticos diferenciais
.
O tratamento é feito com antibiótico, e o de primeira escolha é a penicilina G benzatina. A abordagem terapêutica deve ser individualizada para um melhor prognóstico e o paciente deve ser acompanhado por toda equipe da unidade de saúde, a fim de avaliar a efetividade do tratamento
.
Os pacientes também devem ser instruídos quanto a práticas sexuais seguras, o risco de reinfecção quando os parceiros sexuais não são tratados para a doença, e o risco de adquirir HIV e outras ISTs
.
Em geral, os homens são mais afetados pela sífilis do que as mulheres e este perfil pode ser explicado pelo maior risco da doença em homens que fazem sexo com homens. Os pacientes geralmente são adultos em sua terceira a sexta décadas de vida, e a idade média dos homens é maior que a das mulheres. Uma forte associação entre sífilis e infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) pode ser observado
.
Os dois principais fatores de risco para IST são práticas sexuais sem uso de preservativos e idade mais baixa. Em relação à sífilis, por exemplo, as notificações no Brasil vêm apresentando tendência de aumento na população mais jovem, de 13 a 29 anos. Por esse motivo, foram incluídas no rastreamento anual as pessoas de até 30 anos de idade com vida sexualmente ativa. Caso a pessoa de 30 anos ou mais pertença a algum outro subgrupo populacional, deve-se optar pelo que for mais representativo
.
O quadro abaixo apresenta um resumo das principais alterações bucais da sífilis.
Quadro 1 – Resumo das principais manifestações orais da sífilis, de acordo com estágios e localizações das lesões.
Fonte: Santos et al., 2019
1. Santos ES, Sá JO, Lamarck R. Manifestações orais da sífilis: revisão sistematizada de literatura. Arch Health Invest. 2019;8(8):413-416. Disponível em:
2. Souza BC. Manifestações clínicas orais da sífilis. RFO, Passo Fundo. 2017;22(1):82-85. Disponível em:
3. Batista, APM, Souto ACS, Borba BS, Silva FMS, Ribeiro RCL. Sífilis com manifestações orais: importância do cirurgião-dentista no diagnóstico e condução do tratamento. Ciência Atual. Rio de Janeiro. 2019;14(2):32-38. Disponível em:
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasília-DF. 2020:248p. Disponível em:
ASSUNTO(S)
sinais e sintomas dentista d20 sinais / sintomas da boca / língua / lábios assistência odontológica manifestações bucais sífilis
ACESSO AO ARTIGO
https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-deve-ser-a-conduta-do-dentista-frente-a-pacientes-com-lesoes-bucais-suspeitas-de-sifilis/Documentos Relacionados
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