Quais os tratamentos disponíveis para candidíase vulvovaginal recorrente?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Santa Catarina

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

As terapias tópicas são indicadas para casos com sintomas leves a moderado, já as terapias orais são indicadas para sintomas graves e como manutenção para prevenir as recidivas. O tratamento da candidíase vulvovaginal recorrente (RVVC) envolve a terapia inicial de indução, com a utilização de azóis tópicos ou orais, seguida de terapia supressiva, por seis meses. Na maioria das diretrizes de prática clínica, o fluconazol oral é recomendado como tratamento de primeira linha, tanto de indução como de manutenção. No tratamento inicial, de indução, é recomendada a dosagem de 150 a 200 mg VO de fluconazol, por dia, nos dias 1, 4 e 7, ou até a cessação dos sintomas. O tratamento local com imidazóis é outra opção, com duração de 7 a 14 dias. Para a terapia supressiva, 150 a 200 mg via oral de fluconazol uma vez por semana, por seis meses. Outra opção de terapia supressiva é o itraconazol via oral, na dose de 400 mg por um dia, uma vez por semana por 6 meses ou clotrimazol óvulos de 500 mg duas vezes por semana por 6 meses.

A candidíase vulvovaginal recorrente (RVVC) afeta aproximadamente 138 milhões de mulheres por ano em todo o mundo, com uma prevalência anual global de 3.871 por 100.000 mulheres. A maior prevalência (9%) é observada em mulheres de 25 a 34 anos, com prevalência global de cerca de 7% em mulheres de 15 a 54 anos.

A RVVC é uma infecção vaginal crônica causada por espécies de Candida , que acomete mulheres de todas as idades e origens étnicas e sociais. Os sintomas típicos são prurido vulvar e corrimento vaginal. Outros sintomas incluem dor, dispareunia superficial e um padrão cíclico de sintomas. Embora uma secreção semelhante a coalhada seja típica, a secreção pode ser fina ou totalmente ausente.

A definição da RVVC recorrente é a ocorrência de mais de três ou quatro episódios de infecção no ano, dependendo do protocolo. Fatores predisponentes e desencadeantes comuns incluem uso recente de antibióticos, estados mais altos de estrogênio, diabetes, ducha vaginal e atividade sexual.

Em caso de falência do tratamento, deve ser realizada cultura de secreção vaginal em busca para espécies não albicans. C.  glabrata é a mais comum da cândidas não albicans. Podem ser tratadas de forma mais eficaz com formulações locais de nistatina   ou supositórios vaginais de ácido bórico de 600 mg/dia durante 14 dias. A tabela 1 apresenta resumo das recomendações de orientação clínica para o manejo da candidíase vulvovaginal e candidíase vulvovaginal recorrente do Brasil, Estados Unidos da América do Norte e da OMS. O Brasil é o único país que recomenda supositórios de ácido bórico. Agência Europeia de Produtos Químicos emitiu um alerta contra a aplicação do ácido bórico, uma vez que não há dados suficientes sobre o potencial comprometimento da fertilidade e pode ser embritóxico durante a gravidez. Portanto, a prescrição deve ser acompanhada de medidas contraceptivas, em casos resistentes ao tratamento de primeira linha, em mulheres jovens e não grávidas.

Muitas vezes é necessário um regime de manutenção profilática de longo prazo com antifúngicos. Estudos descobriram que até 50% das mulheres com RVVC tiveram recaídas após interromperem seu regime de terapia de manutenção.  Foi elaborado um regime de manutenção (denotado o regime ReCiDiF), que permite o ajuste da frequência de dosagem de fluconazol quando os sintomas, quadro clínico, microscopia e achados culturais são todos negativos, levando a um regime mais adaptado e individualizado para facilitar uma maior duração do tratamento na menor dose possível para qualquer paciente em particular.

A etiopagênese do RVVC ainda não está totalmente esclarecida, sendo que diferentes elementos estão envolvidos nessa condição, como mecanismos imunológicos, mutações genéticas e padrões comportamentais. Os objetivos de manejo para pacientes com RVVC incluem a eliminação de fatores de risco potencialmente reversíveis, proporcionando alívio sintomático rápido, liberação do patógeno da genitália feminina e prevenção de episódios repetidos.

A RVVC é subestimada. Compromete a qualidade de vida das mulheres e está associada a altos custos de morbidade e assistência médica, redução do bem-estar físico e psicológico e atividade sexual prejudicada.

 

 

 

 

1. Lirio J, Giraldo PC, Sarmento AC, et als. Antifungal (oral and vaginal) therapy for recurrent vulvovaginal candidiasis: a systematic review and meta-analysis. Rev. Assoc. Med. Bras. 2022;68(2): 261-267. Disponível em:

[Acesso: 07/11/2022]

2. Donders G, Sziller IO, Paavonen J, Hay P, de Seta F, Bohbot JM, Kotarski J, Vives JA, Szabo B, Cepuliené R, Mendling W. Management of recurrent vulvovaginal candidosis: Narrative review of the literature and European expert panel opinion. Front Cell Infect Microbiol. 2022 Sep 9;12:934353. Disponível em:

 [Acesso: 07/11/2022]

3. Carvalho NS, Eleutério Junior J, Travassos AG, Santana LB, Miranda AE. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecções que causam corrimento vaginal. Epidemiol. Serv. Saude. 2021,30(esp1):e2020593. Disponível em:  

[Acesso: 07/11/2022]

 

ASSUNTO(S)

apoio ao tratamento médico x72 candidíase genital candidíase vulvovaginal recidiva

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