Proteínas plasmáticas na estimativa da variabilidade genético-populacional da tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa Schweigger, 1812)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O presente estudo teve por objetivo avaliar o potencial das proteínas plasmáticas na identificação dos estoques da tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa Schweigger, 1812). Por meio da técnica de eletroforese em gel de amido três sistemas protéicos: transferrina (Tf), albumina (Alb) e proteínas gerais (PG), e quatro enzimáticos: esterase (EST EC 3.1.1.1), fosfoglucomutase (PGM EC 2.7.5.1), malato desidrogenase (MDH EC 1.1.1.37) e superóxido dismutase (SOD EC 3.15.1.1), extraídos do plasma sanguíneo de três amostras populacionais: Uatumã-AM, Trombetas-PA e Tapajós-PA, foram analisadas. As zonas de atividade eletroforética nos géis foram codificadas presumivelmente por 11 locos, dos quais, sete mostraram-se monomórficos (PG-1, PG-2, EST-1, EST-2, PGM-1, SOD-1 e SOD-2) e quatro polimórficos (Tf, Alb, MDH e PGM-2). Na comparação da distribuição alélica e genotípica, dos quatro locos polimórficos, assumindo-se o equilíbrio de Hardy-Weinberg, o MDH foi o único que não exibiu um bom balanço genético-populacional. Análises do qui-quadrado (x2) para testar a hipótese de segregação independente entre os pares de locos polimórficos examinados, não revelaram diferenças estatisticamente significativas. Tabelas de contingência para cálculo do qui-quadrado (x2) aplicados para examinar a1 distribuição dos alelos do loco Tf, não revelaram variação temporal estatisticamente significativa (x2 5= 3.05, 0.70 >P >0.50) nas áreas amostradas. Mesmo com todas as pressões existentes, sobretudo devido ao alto consumo humano da tartaruga da Amazônia na região, os programas de conservação das populações naturais vêm garantindo a manutenção da variabilidade genética das mesmas ao longo do tempo, pelo menos para o loco Tf. As estimativas de variação genética revelaram os maiores valores de polimorfismo (36,36%), número médio de alelos por loco (1,36) e heterozigosidade média esperada (He) (0,1211), na amostra populacional do Tapajós. Nas estimativas da estrutura genético-populacional, utilizando a estatística F (FIS, FIT e FST) de Wright, os valores médios detectados para FIS e FIT de 0,1347 e 0,1912, são considerados moderado e moderadamente alto, respectivamente. O valor médio de FST foi de 0,0652, indicando uma diferenciação genética moderada entre as amostras populacionais examinadas, onde, os locos que mais contribuíram para essa diferenciação foram o MDH e PGM-2. A estimativa de fluxo gênico expressa como número de migrantes por geração (Nm) entre as amostras populacionais foi de 3,58. O dendrograma baseado no método UPGMA ilustra o menor distanciamento genético entre as amostras populacionais do Uatumã e Trombetas, onde, tais amostras presumivelmente, fazem parte de uma grande população panmítica, i.e. um mesmo estoque, bem como o maior distanciamento genético destas amostras em relação à amostra do Tapajós. Testes exatos de diferenciação populacional das comparações par-a-par entre as amostras populacionais, revelaram diferenças estatísticas altamente significativas, entre todas as comparações feitas com a amostra populacional do Tapajós. Os dados ora apresentados, apontam para uma possível existência de subpopulações estoques distintas de P. expansa na área amostrada. Recomenda-se, em especial, que a região do Tapajós seja mais pesquisada, e os programas de preservação e manejo da tartaruga da Amazônia mais intensificados em toda região amazônica a fim de manter a variabilidade genética de suas populações. Os dados foram ainda tentativamente interpretados a luz da hipótese de Refúgios.

ASSUNTO(S)

podocnemis expansa genética de populações proteínas plasmaticas quelônios genetica

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