Proibido trabalhar : problema socioambiental dos filhos da Ilha do Cardoso, SP / Work in prohibited : social-environmental problem of the Cardoso Island s children

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O Parque Estadual da Ilha do Cardoso (Decreto n.40.319, de 03/07/1962), localizado no município de Cananéia, é um dos primeiros atos legais de proteção ambiental do Estado de São Paulo. Ele está inserido em região marcada, pós década de 1960, por diferentes categorias jurídicas de proteção ambiental (ou unidades de conservação) que abrangem o complexo estuarino que vai de Peruíbe, no Estado de São Paulo, a Paranaguá, no Estado do Paraná. Por conseguinte, é marcante a intervenção governamental no sentido da regularização deste quadro, e também a presença, mais assídua nos últimos anos, de diferentes protagonistas da sociedade brasileira, tais como turistas, ambientalistas, pesquisadores, investidores (exploração: imobiliária, turística e de recursos naturais), etc. Uma vez constituída pelo bioma Mata Atlântica, a região é contemplada também pela Unesco como parte da Reserva da Biosfera e patrimônio da humanidade. É no interior desta realidade que este estudo se desenvolveu. O que se (re)contará aqui é a memória de um tempo mais antigo, de poucas décadas atrás é certo, cuja apropriação cultural na forma de sítios, lugar de sítios, caracterizara a Ilha do Cardoso antes da chegada do Parque, lugar de natureza. Fomos proibidos de trabalhar ou é proibido trabalhar, expressões que ouvi inúmeras vezes, atestam, pelo uso dos tempos verbais, a atualidade do conflito social que se iniciou com a decretação do Parque e o processo de desapropriação. A expressão “proibido trabalhar” parece ser a síntese significativa de um processo histórico iniciado na década de 1960 e, ainda hoje, produtor de entidos. Não estou com isto querendo dizer que esta é a história, a única história possível. Mas ela é, certamente, um aspecto muito importante da memória coletiva; da história local Assim, a história que aqui será (re)contada é menos a história do presente, embora também o seja, do que a história do passado pelo presente. Esta volta inesperada ao passado, na situação atual em que a presença do “meio ambiente” na região impossibilita a reprodução do modo de vida característico de algumas décadas atrás, faz das lembranças ou recordações a idealização de um “tempo de antigamente”. E é, justamente desta idealização, que a pesquisa complementa etnograficamente os conhecimentos sociológicos e antropológicos sobre região, revelando a campesinidade dos filhos da Ilha, principal qualidade na compreensão da expressão “proibido trabalhar”.

ASSUNTO(S)

conservation of nature small farm sitios persecution camponeses - cananeia (sp) identity identidade peasantry environmentalism conservação da natureza fishermen perseguição ambientalismo pescadores

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