Processo de aprendizagem organizacional em uma situação de catástofre ambiental: um estudo autoetnográfico no Senac Bistrô Johannastift

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Após a catástrofe de novembro de 2008 - constituída por enchente, enxurradas e desmoronamentos, que assolou a cidade de Blumenau (SC), foi possível vivenciar diversas mudanças comportamentais na organização estudada, localizada em um dos principais patrimônios históricos da cidade. Com o objetivo de compreender as reações organizacionais frente a situação de catástrofe, a partir do campo teórico da aprendizagem organizacional, o estudo foi conduzido da seguinte forma: 1) revisão da literatura sobre aprendizagem organizacional, com a finalidade de proporcionar maior sensibilidade conceitual e delimitação temática provisória; 2) apresentação do objeto de estudo; 3) aprofundamento do estudo metodológico do método escolhido a autoetnografia (por exemplo, HAYANO, 1979; BAKHTIN, 1981; TEDLOCK, 1991, 2000; ELLIS, BOCHNER, 2000; ATKINSON, COFFEY, DELAMONT, LOFLAND, LOFLAND, 2007) - eleição devida à complexidade do contexto, à escassez de teorização específica e à necessidade imersão em um campo no qual uma das pesquisadoras já estava previamente inserida; 4) continuidade e aprofundamento da imersão no campo de estudo, com o uso de técnicas interiores à autoetnografia (diários, documentos, entrevistas); 5) encontro entre as categorias encontradas no material empírico e aspectos específicos da teoria da aprendizagem organizacional. Derivado da etnografia, o método autoetnográfico proporcionou à pesquisadora o aprofundamento da pesquisa nas múltiplas lacunas da consciência, relacionando-as com o meio, através da experiência pessoal. A pesquisadora analisou os aspectos culturais e sociais ao seu redor, outward e, simultâneamente, realizou uma análise interna do seu próprio eu, inward. A análise foi realizada na intersecção do passado (backward), futuro (forward), envolvendo o contexto interno e externo da organização. O encontro entre as categorias emergentes da narrativa etnográfica e a perspectiva psicológica da aprendizagem organizacional recaiu especificamente nas categorias e fatores da motivação para a aprendizagem organizacional. A categoria mais significativa evidenciada nesse estudo foi a afetiva, em suas diversas manifestações: a) medo e suas emoções secundárias; b) sofrimento e emoções suas secundárias; c) tristeza-alegria; d) tristeza como geradora de união. A interpretação dessas categorias conduziu à percepção de que a experiência de emoções primárias contraditórias contribuiu para a aprendizagem dos indivíduos, uma vez que a aprendizagem é um processo profundamente emocional. A suspeita acerca da aprendizagem organizacional prosseguiu com investigação sobre a solidificação, manutenção e permanência desses sentimentos, engendrados a partir da catástrofe. Por fim, os resultados do estudo foram situados em contextos também trágicos semelhantes, produzindo a conclusão última de que eventos impactantes exigem aprendizagem instantânea, ou seja, capacidade de reagir emotivamente a eventos, adaptando habilidades preexistentes. Esse estudo foi elaborado, com a finalidade de, a partir da experiência com o uso do método, contribuir para a abertura de possibilidades de utilização da autoetnografia nos estudos organizacionais

ASSUNTO(S)

administracao environmental disaster organizational learning aprendizagem organizacional autoethnography catástrofe ambiental autoetnografia

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